Hoje começa o mês de agosto, mês do cachorro louco, mês do mais louco dos anos que vivemos até hoje. Tem alguns bichinhos soltos por aí, chamados de vírus, o tal de corona vírus vindo lá da China. São eles os responsáveis – estou me referindo ao vírus, não aos chineses – pelo estado de loucura que, democraticamente, está mexendo com o mundo todo. Até comigo.
Eu, arquiteto urbanista de profissão, cartunista amador ─ por amor ─diante do quadro nada colorido que nos foi pintado, decide sair prá briga, enfrentar a situação e berrar: VIRUS GO HOME!
Na verdade, não sai berrando, sai desenhando tendo o cartum como arma.
O cartum, segundo o GOOGLE ─ na falta da Enciclopédia Barsa, sempre recorro ao Google ─ é uma anedota gráfica. Seu objetivo é provocar o riso do espectador… ele chega ao riso através da crítica mordaz, satírica, irônica, humorística do comportamento do ser humano.
Daí pensei… é preciso provocar pelo menos um sorriso do espectador para enfrentar as agruras da pandemia. E resolvi fazer um cartum por dia e sempre que possível, publicar no Facebook. O primeiro foi em oito de março (desenhin 1). A partir daí, foram 147 “desenhins” até ontem.
(Espero que os desenhins tenham resultado em, pelo menos, alguns sorrisos. Melhor assim, um sorriso contrai menos músculos que um choro).
Sem programar, impensadamente, surge no papel duas figurinhas que se tornaram importantes no combate a tristeza. Um casal, que por ordem não sei de quem, decidiu ficar preso no apartamento e deixar a pandemia passar. Sentados à mesa, próxima à janela que dá pro mundo, eles conversam procurando entender o que está acontecendo lá fora. Ela,
pacienciosa, tricotando ou bordando, sei lá, aparentemente suporta o marido, tosco, sempre bebericando a sua cerveja acompanhada dum queijinho. Conversam sobre tudo (desenhins 2, 3 e 4). Não sei como vai terminar essa conversa. Por sinal, ninguém sabe como vai terminar tudo isso.
Passa um dia, passa outro, mexendo na minha “biblioteca”, encontro uma obra de arte: um cartum do Quino, exímio (um senhor detalhista), cartunista argentino, “pai” da Mafalda (desenho 5).
ARREPIEI- ME!
O cartum mostra um casal numa sala, com uma janela dando pro mundo, ela tricotando ou bordando, sei lá, e ele…
Não dá prá saber se estava acontecendo alguma pandemia ou se o Quino estava em guerra com algum vírus. Não dá prá saber. O que eu percebi é que o homem do Quino é tão recatado quanto a mulher, diferente do meu personagem masculino, um tosco adorador de cerveja. Dá prá perceber também que o homem do Quino não bebe nada, caso contrário não procuraria um fim trágico para aquela vidinha.
Já o meu herói masculino vai sobreviver tomando a sua cervejinha, degustando seu queijinho.
Marília, 01 de agosto de 2020.
Laerte Rojo Rosseto é arquiteto e urbanista.