Um Pai de Cinema – Antonio Skármeta
“Quando papai foi embora, minha mãe se extinguiu de repente. Como se uma ventania gelada a tivesse apagado. Eu também amava loucamente meu velho. E também queria que ele me amasse. Mas ele estava sempre ausente”. Capítulo três.
Eu li esse livro por alguns motivos que vou contar agora para vocês: primeiro porque é o livro do mesmo escritor chileno de “O Carteiro e o Poeta” que também virou filme.
Segundo porque esse livro deu origem ao filme “O filme da minha vida” de Selton Mello que eu acho um maravilhoso como diretor e pensador.
No livro, o professor Jacques dá aulas e mora em um pequeno povoado do Chile. Admirado por seus alunos, Jacques sai em busca do motivo do abando do pai. “Eu me formei e voltei à nossa cidade. Quando eu desci do trem, meu pai subiu e nunca mais o vi”. Desenvolvendo a amizade com o moleiro do povoado (e melhor amigo de seu pai), Jacques tenta chegar próximo da verdade. E então, quando ele pega o trem para uma cidade próxima para ir a um bordel, passado, presente e futuro se materializam trazendo para ele memórias ainda não vividas.
Um livro pequeno e fácil de ler. Mas que pode mudar seu olhar sobre o mundo, sobre os pequenos gestos e sobre o afeto para sempre.
O Clube do Filme – David Gilmour
A adolescência talvez seja a fase mais difícil que uma pessoa possa passar. Por mais que esteja cuidado e tudo mais, os hormônios, a falta de perspectiva e a incerteza do vir a ser façam com que o ser humano enlouqueça. E enlouqueça quem está perto. Junte-se a isso quando o pai está desempregado ou a família desestruturada.
É exatamente essa a história real do livro “O Clube do Filme” de David Gilmour. Com o filho fracassando na escola, colecionando reprovações e com o desemprego na área de crítico de cinema, Gilmour faz uma proposta inusitada ao filho: poderia largar a escola, desde que assistisse a três filmes por semana escolhidos pelo pai e com o pai.
E assim nasce o “Clube do Filme” onde pai e filho aprendem a se (re) conhecer assistindo a filmes clássicos como “A Doce Vida”, “O Poderoso Chefão”, “O iluminado” e muitos outros.
A vontade que temos é de entrar no livro se sentar no sofá com eles para ver os filmes, conversar, debater, discutir e principalmente amar. Eles voltam a se amar de uma forma única e estreitam os laços justamente no período em que Jesse mais precisa do pai.
É um livro amoroso, leve e ambicioso ao mostrar que podemos nos tornar mais próximos de nossos filhos com a arte demonstrando que a adolescência é sim um período difícil, mas difícil mesmo é deixar o tempo passar sem demonstrar afeto.
Boas leituras!
Lídia Basoli é jornalista (UEPG) com especialização em Comunicação pela UEL (Londrina) e Mestre em Comunicação pela UNESP de Bauru. É coeditora e jornalista responsável pela revista Café Espacial junto com o editor e designer gráfico Sergio Chaves. www.cafeespacial.com