Todos nós cristãos brasileiros, somos cidadãos de dois reinos. Em primeiro lugar o Reino de Deus, com seus valores espirituais, princípios, autoridade, … Jesus respondeu a Pilatos, quando interrogado: “… o meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” (João 18:36). Neste Reino não ambicionamos poder, glória, domínio ou bens. Em segundo plano, somos cidadãos da nossa pátria brasileira, e como tal temos nossos deveres e direitos balizados pelas leis. Quem dera todos os cristãos marilienses fossem exemplos vivos de cidadania, com atitudes de respeito no trânsito, na preservação da natureza, na luta pelos menos favorecidos, na promoção da educação e no combate à corrupção. Quando chegamos ao período eleitoral, devemos nos lembrar das duas cidadanias. De que forma podemos conciliar ambas as cidadanias? Na sua oração sacerdotal, Jesus clama ao Pai: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.” (João 17:15). Como cidadãos marilienses, cumprimos nossos deveres e reivindicamos nossos direitos com naturalidade. Por outro lado, pensando na cidadania do Reino de Deus, lanço mão da reflexão de Augusto Nicodemus: 1) A Escritura Sagrada não reconhece “o conceito da soberania absoluta do Estado”, e nem o conceito da “soberania absoluta do povo”, conforme defendido pela revolução francesa. O poder reside em Deus. Tanto o poder da instituição Estado quanto do povo são delegados por ele visando a organização da humanidade. Como consequência, nenhum ser humano tem poder sobre seus semelhantes, a não ser quando delegado por Deus, ao ocupar legitimamente um cargo de autoridade. Portanto, é antibíblica toda opressão política à mulher, ao pobre e ao estrangeiro, todo sistema político que produza escravidão, todo conceito de castas, qualquer distinção entre classes sociais e o descaso com o crime. 2) A corrupção na política é vista na Bíblia como tendo origem primariamente no coração dos seres humanos. Jesus Cristo disse que é do coração dos homens e das mulheres que procedem “maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias” (Mateus 15.19-20). Quando a causa é identificada, há condições de se buscar o remédio adequado. Aqui se percebe a insuficiência de éticas humanistas reducionistas, que analisam apenas aspectos sociológicos e antropológicos da corrupção na política, deixando de considerar apenas a dimensão pessoal: egoísmo, maldade, crueldade, despotismo, avareza, inveja, cobiça. As Escrituras pregam uma conversão interior dos governantes e dos governados a Deus, que se arrependam do mal e pratiquem obras de justiça. 3) Já que o poder não é intrínseco ao ser humano, mas uma delegação divina, deve-se resistir, pelos meios legais do voto, a quem exerce o poder político em desacordo com a vontade de Deus. Esta vontade divina para os governantes se encontra claramente expressa na Bíblia, como por exemplo, nos Dez Mandamentos: “não furtarás”, “não dirás falso testemunho”, “não matarás”… Esses mandamentos refletem absolutos éticos presentes em todas as civilizações, em função de todos os seres humanos levarem em sua constituição a imagem e semelhança de Deus – com maior ou menor precisão, em função da imperfeição moral existente na humanidade. Pois bem, no dia 15/11 vamos, honrosamente, cumprir nosso dever de cidadãos brasileiros, priorizando nosso compromisso com o Reino de Deus, mas não descuidando de nossa identidade cristã. Então, antes de definir seu voto (que é secreto e ninguém pode dirigí-lo), pense prioritariamente na cartilha do partido político em que você intenciona votar e na lisura moral do candidato. Avalie o que os candidatos às cadeiras da vereança e prefeitura pregam sobre: ideologia de gênero nas escolas, escola sem partido, transparência pública, inclusão social, promoção da saúde pública, etc. Para nós cristãos os valores morais de uma sociedade vão além de abraços de candidatos, doação de óculos e dentaduras, cestas básicas ou outros bens materiais quaisquer. Aliás, precisamos definitivamente nos libertar do populismo, do voto de cabresto, da indução e do curral eleitoral. Desvencilhe-se das bisbilhotices como: “Ouvi a vizinha dizer que devo votar em X.” ou daquelas “manipulações” em nome da fé: “Deus me disse para votarmos em Y.” Nosso cidadão precisa ser esclarecido e respeitado na sua escolha. Compare os valores do partido e do candidato aos valores que a Palavra de Deus nos lega. Temos orado pelo nosso Brasil e alertado para que o povo cristão seja sábio, inteligente e coerente no voto. Assim sendo, nesta semana oremos e evitemos discussões ou inimizades por causa do pleito. Troque-as pela pesquisa e informação. Sejamos serenos e sóbrios na escolha que há de determinar nosso futuro como marilienses. Que Deus abençoe Marília!
Rev. Marcos Kopeska – Pastor da 3ª IPI, escritor e terapeuta familiar sistêmico.