Parece-nos que nos primeiros séculos o mundo religioso tinha dificuldade de aceitar a natureza divina de Cristo, ao oposto de hoje, com o cristianismo sedimentado, temos dificuldade em aceitar a natureza humana de Jesus. O texto de Max Lucado “As Vinte e Cinco Perguntas para Maria” nos faz refletir sobre o Cristo menino, com as mesmas meninices de qualquer criança:
- Como era vê-lo orar? – Qual era a reação dele quando via outras crianças rindo durante a cerimônia na sinagoga? – Ao ver um arco-íris, ele alguma vez mencionou um dilúvio? – Você se sentiu estranha ensinando a ele como ele criou o mundo? – Ele agia de forma diferente quando via um cordeiro sendo levado ao matadouro? – Você alguma vez o viu com um olhar distante, como se escutando alguém que você não conseguia ouvir? – Como ele agia em enterros? – Alguma vez passou pela sua mente que o Deus para quem você orava estava dormindo sob o seu teto? – Você alguma vez tentou contar as estrelas com ele… e conseguiu? – Ele alguma vez chegou em casa com um olho roxo? – Como ele reagiu quando teve seu primeiro corte de cabelo? – Ele teve algum amigo de nome Judas? – Ele era um bom aluno na escola?
- Você teve que repreendê-lo alguma vez? – Ele alguma vez teve que fazer uma pergunta sobre as Escrituras? – O que você acha que ele pensava quando via uma prostituta oferecendo, a quem mais pagasse, o corpo que ele fez? – Ele alguma vez ficou com raiva quando tratado com desonestidade por alguém? – Você alguma vez o viu pensativo olhando seu braço ao segurar um bolo de terra?
- Ele alguma vez acordou assustado? – Quem era o melhor amigo dele? – Qual a reação dele quando Satanás era mencionado? – Você alguma vez acidentalmente chamou-o de Pai? Sobre o que ele e seu primo João conversavam quando crianças? – Os irmãos e irmãs dele entendiam o que estava acontecendo? – Você alguma vez pensou “Aquele é Deus, tomando a minha sopa”?
Pois bem, a maior mensagem deste período litúrgico que chamamos de advento, é “Deus veio até nós! Deus se lembrou das nossas mazelas! Deus se aproximou dos nossos tropeços e se fez homem para entender nossas idiossincrasias!” O Natal, portanto, não é interpretado à luz da tradição reducionista de luzes, árvores, presentes e fraternidade (essa com data de validade). Trata-se da identificação céu e terra, trata-se da religação Deus e homem e da imersão divina no pobre contexto de uma humanidade tão maculada. Aquela manjedoura forrada de palha, com vacas e cordeiros ao redor, testemunhou um dos mais nobres ritos de passagem, o advento. Que Deus nos abençoe!
Rev. Marcos Kopeska
Esposo de Gislaine e pai da Gabrielly e Lucas. Pastor da 3ª IPI Marília, presidente do Presbitério Marília e Vice Presidente do Sínodo Sudoeste Paulista. Graduado em Teologia (UMESP), pós graduado em Terapia Familiar Sistêmica (INDEP) e cursando pós graduação em Saúde Mental e Psicossocial (UNIDERP).