Uma pesquisa da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) apontou uma tendência preocupante: o consumo de feijão com arroz tende a diminuir no país.
O motivo é o feijão. Segundo o estudo, a partir de 2025 o grão só entrará nos pratos brasileiros de uma a quatro dias por semana – diferente de hoje, que protagoniza a alimentação em, no mínimo, cinco refeições semanais.
A estimativa tem base em uma análise com 572.675 adultos brasileiros que identificou mudanças no padrão alimentar tradicional do país de 2007 a 2017.
Nos primeiros cinco anos, o consumo se mostrou estável. Mas, a partir de 2012, houve uma queda significativa na presença do grão na alimentação do país: caiu de 67,5% para 59,5%. A redução atinge todas as faixas etárias, gêneros e níveis de escolaridade.
A partir desses dados, os pesquisadores estimam que, até 2025, o consumo regular de feijão só estará disponível a 46,9% da população brasileira. Mesmo assim, passará a ser menos frequente na semana.
Outro dado que chama a atenção é o fato de que as mulheres já não têm consumo regular de feijão desde 2022. Para os homens,
porém, a estimativa de alteração é em 2029.
A hipótese é que o baixo consumo de feijão entre as mulheres tenha a ver com a dupla jornada de trabalho, oscilação nos preços e a conveniência dos alimentos ultraprocessados e prontos para consumo.
O que a falta do feijão representa
A diminuição do feijão no prato dos brasileiros preocupa e acende o sinal de alerta para possíveis problemas de saúde. Outro estudo, também da UFMG, associou ganho de peso e estado nutricional insatisfatório ao fato de não comer a leguminosa.
No trabalho científico, a pesquisadora Fernanda Serra Granado analisou dois grupos distintos. Um, que não consumia feijão, e outro com consumo regular do grão. Os resultados foram os seguintes:
• – O grupo que não consumiu feijão teve 10% mais chances de desenvolver excesso de peso e 20% mais chances de desenvolver obesidade
• – O grupo que se alimentou regularmente de feijão apresentou 14% de proteção no desenvolvimento de excesso de peso e 15% de proteção à obesidade.
O estudo se baseou em dados de mais de 500 mil adultos brasileiros acompanhados de 2009 a 2019 pela Vigitel (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico).
“Em outras palavras, o padrão alimentar dos brasileiros é motivado por fatores externos, como propagandas publicitárias de ultraprocessados e disponibilidade, variedade e preço dos alimentos saudáveis”, pontuou Granado.
Créditos: Gizmodo/UOL.