Três projetos brasileiros foram selecionados na ZOOHACKATHON Brasil 2020 para concorrer na etapa global, que acontece a partir do dia 18 de novembro
O ZOOHACKATHON Brasil 2020 revelou os ganhadores da segunda edição brasileira do evento. A maratona, que neste ano aconteceu 100% online, uniu brasileiros para criar soluções criativas e inovadoras para combater o tráfico de animais ao redor do mundo. Os três primeiros colocados vão concorrer na etapa global, que começa no dia 18 de novembro e inclui as melhores colocações dos países da Europa, Oriente Médio, África e nordeste da Ásia. As equipes vencedoras serão anunciadas em meados de dezembro.
“É fundamental perceber que o tráfico de vida silvestre está presente em todas as camadas da sociedade e saber que toda e qualquer prática ilegal de captura e comercialização, por menor que seja, acaba impactando na sobrevivência de espécies e na biodiversidade em suas regiões. Acredito que as pessoas podem contribuir conscientizando amigos e parentes sobre o tema. Incentivar interessados em criar espécies silvestres a comprarem de criadores autorizados. E claro, denunciar a venda e criação ilegal às autoridades brasileiras”, pontua Pablo Valdez, conselheiro de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Saúde da Embaixada dos EUA, em Brasília.
Aplicativo foi o grande destaque da competição
A equipe Rapinas da Mata foi a grande vencedora e desenvolveu um aplicativo chamado Fauna Authentication (FA), que oferece uma solução para prevenir a falsificação de documentos, um dos grandes problemas no combate do comércio ilegal de animais silvestres no Brasil. O aplicativo irá rastrear os documentos individuais emitidos pelas autoridades oficiais através de um QRCode, sendo assim possível diminuir o número de animais que têm a documentação falsificada. O objetivo da equipe é realizar um plano piloto no Brasil, em conjunto com organizações não governamentais (ONGs) que ajudam animais silvestres em todo o país, principalmente na região da Amazônia.
“Infelizmente a falsificação da documentação de transporte animal é mais frequente do que imaginamos, o que dificulta o trabalho da fiscalização. Com o nosso aplicativo, cada documento terá o seu próprio QRCode e o fiscal receberá a cópia, para conferir os dados ou se é uma tentativa de falsificação. Também criamos um site interligado ao aplicativo para que as pessoas possam denunciar caso vejam alguma situação de tráfico”, explica Maira Gazzi Manfro, estudante de Engenharia Química e integrante do grupo Rapinas da Mata. Também participaram do projeto Camila Siqueira Costa, estudante de Medicina Veterinária, Junior da Silva Mata, estudante de Arquitetura, Davi Coscarelli Ciriaco, estudante de Ciência da Computação, e Luciano da Silva Dantas, estudante de Tecnologia da Informação.
A segunda colocação ficou com a equipe BioUp que desenvolveu uma plataforma que unifica o controle da criação e cultivo de animais silvestres e facilita o acesso às informações, auxiliando os agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) e da Polícia Rodoviária Federal no combate à fraude e a biopirataria. “Resumidamente, nossa proposta é uma plataforma baseada em blockchain para servir como uma ferramenta de pesquisa por licenciamentos fraudados. Desta forma, o agente de campo com um aplicativo (que está pronto) pode fazer uma busca por uma anilha, por exemplo, e bater as informações da ave com a nota fiscal”, afirma Sam Adam, mestre em Ensino de Ciências e professor de Biologia, que compõe a equipe junto com Ricardo Azanha, professor de Administração, João Ricardo Recanello, programador, Vanessa dos Anjos, bióloga e Fernanda Faillace, designer.
Já a terceira colocação ficou com a equipe Projeto Kauana, que propôs uma plataforma para combater o tráfico de vida selvagem nas estradas. O projeto permite a identificação e a detecção de veículos que sejam suspeitos de transportar animais silvestres, através da instalação de um termo visor em rodovias, ligado a uma plataforma online, unificando dados de rotas de tráfico de animais silvestres pelo país e facilitando a comunicação entre os agentes de fiscalização. O grupo é composto por Andreia dos Santos Alvim, estudante de Ciências Biológicas, Jakqueline Sousa Lopes, estudante de Medicina Veterinária, Ana Carolina Dias Oliveira, especialista em Educação Ambiental e mestranda em recursos naturais do Cerrado, Polônia Cíntia Nunes Rocha, mestranda em Biodiversidade e Conservação, Luíza Morrone de Oliveira Paes, estudante de Medicina Veterinária e Beatriz Piatto Scapin, estudante de Engenharia Ambiental. “Para o futuro, vamos buscar apoio e conexões com diversos profissionais e setores para fazer com que esse projeto tome forma e se concretize de fato. Sabemos que o tráfico de animais silvestres cresce a cada dia e que o combate a ele se torna cada vez mais desafiador. Por isso, pretendemos continuar a estudar e desenvolver mais projetos sobre essa temática que ameaça tanto nossa biodiversidade”, comenta Andreia, representante do Projeto Kauana.
“Houve um grande esforço da organização e do Apoiador FREELAND BR, em disponibilizar conteúdo antes do evento e complementar a mentoria com pessoas que acompanham a luta contra o tráfico diariamente. Ficamos muito satisfeitos e orgulhosos das equipes que submeteram seus projetos pelo alto padrão de qualidade e relevância na causa”, complementa Arlete Scheleider, diretora do Instituto WAAS e organizadora do ZOOHACKATHON Brasil.