Renata Bedore, médica veterinária do Planeta Animal, fala sobre cuidados com os pets no período de isolamento
Os pets sempre foram uma ótima companhia e neste momento de isolamento social se mostram como grandes aliados proporcionando apoio emocional, além de ajudar a manter uma rotina mais frequente de exercícios e nos incentivar a realizar brincadeiras em casa.
Contudo, a pandemia do novo coronavírus provocou intensas mudanças não apenas para nós, humanos, mas também para os animais de estimação. Passamos mais tempo em casa e não apenas mudamos a rotina, como também deixamos de ter qualquer horário certo para executar nossas atividades. Isso, de certa forma, se reflete na interação com nossos animais.
A médica veterinária Renata Bedore, da clínica Planeta Animal, ressalta que os impactos para cães e gatos são um pouco diferentes. Por isso, nessa matéria, vamos abordar cada um de forma individual. Confira.
GATOS
O gato é um animal independente, que preza por sua privacidade. Normalmente passa por grandes períodos sozinho em casa sem qualquer dificuldade. O animal usa a caixa de areia, brinca, escala, come e dorme com mínima interferência de seu tutor. Mas, na quarentena, esse quadro mudou. Com os tutores em casa, o animal pode perder parte de sua tranquilidade quando exposto ao maior contato com os humanos – que pode ser ainda mais intenso quando há crianças na casa, pois tendem a acessar os animais com maior frequência. “Os gatos podem sofrer com um ‘excesso de cuidado’ durante nosso isolamento. O proprietário tende a acordá-lo durante uma soneca, pegar no colo e ter outras atitudes que interferem fortemente em sua rotina e eleva seus níveis de estresse”, explica a médica veterinária Renata Bedore.
Também é comum que o proprietário faça alterações no mobiliário da casa durante a quarentena, o que pode causar estranhamento no gato, principalmente se a mudança incluir o local onde o animal faz necessidades.
“Em consulta, alguns tutores se queixaram de que o animal deixou de urinar ou passou a urinar em local inadequado. Mas durante a investigação descobrimos que a alteração de comportamento se devia à mudança de local da caixa de areia. Se essa mudança for realmente necessária, é importante avaliar se o animal gostou do novo local para reduzir esse tipo de reação”.
Uma das sugestões da médica-veterinária para reduzir o estresse dos felinos durante o período em que convivemos mais com eles é proporcionar o enriquecimento ambiental, que pode ser obtido com mobiliário apropriado para felinos ou até mesmo com prateleiras que ofereçam a possibilidade de escalada para locais mais altos, onde eles podem se refugiar quando quiserem seu momento de privacidade, assim como caminhas e caixas de papelão onde podem se esconder quando sentem essa necessidade de isolamento.
CÃES
Os cães costumam ter uma necessidade maior de estar próximo ao dono e, com períodos mais prolongados em casa, eles gostam de receber mais atenção. Contudo é preciso ponderar o excesso de cuidados, pois o impacto da separação futura pode alterar o emocional destes animais. É preciso tentar não intensificar muito o contato, mantendo-o em níveis saudáveis, tentando manter ao máximo a rotina comum de cuidados e carinhos do animal.
Outro impacto pode ser na alimentação, pois em casa o dono pode tender a alimentar o cãozinho mais vezes, ou ainda mais petiscos ou pedaços de comida. E se antes levávamos o cachorro para passear várias vezes ao dia, hoje, para evitar nossa exposição, saímos apenas uma vez ou até mesmo deixamos o hábito do passeio de lado. Essa mudança de hábito por si só já pode trazer algumas consequências para o animal, pois há uma redução na intensidade de atividades físicas, com impacto no ganho de peso. Pode fazer ainda com que o animal adie o momento de fazer suas necessidades por estar habituado a fazê-las na rua, o que pode repercutir em problemas de saúde.
A sugestão da médica-veterinária é que os passeios continuem, mesmo que sejam com períodos reduzidos, buscando horários de menor aglomeração.
“O tutor deve usar máscara, mas não é necessário colocar qualquer tipo de proteção no animal. Só é necessário realizar a higiene das patas antes de entrar em casa, com um lenço umedecido ou água e sabão, da mesma forma que devemos higienizar sempre, a cada saída do animal”, pontua.
Na impossibilidade de sair, é importante reforçar as atividades dentro de casa, com uso de brinquedos para que o animal continue a ter uma rotina de exercícios.
CUIDADOS GERAIS
Adoção: A médica veterinária ressalta que durante o período de quarentena houve um aumento considerável nas adoções e aquisições de animas de estimação, o que é positivo. Contudo, é preciso ter responsabilidade nas decisões. “O proprietário deve pensar se terá tempo e emocional disponíveis para cuidar desse animal quando a rotina voltar ao normal. Com um ritmo de vida mais acelerado, pode ser que o animal receba níveis insuficientes de atenção. Essa falta de ponderação pode fazer também com que aumentem os casos de abandono futuramente”, pontua.
Estresse: Caso mesmo com a adoção das medidas sugeridas o animal apresente sinais de estresse, como grandes mudanças de comportamento, depressão ou agressividade, é importante procurar um médico-veterinário. “Há opção de tratamentos com florais e até mesmo medicações que, em último caso, podem ser adotadas para reduzir o impacto da situação”.
Banhos: As rotinas de banho e tosa podem permanecer inalteradas, sendo inclusive importantes para manter a saúde da pele e pelo dos animais.
Vacinas: Mesmo que o animal esteja em isolamento com seu dono, é de extrema importância manter as vacinas em dia para evitar qualquer problema de saúde que seja prevenível. Muitos dos vírus estão no ar e podem ser contraídos mesmo em casa. Outras doenças, como a leishmaniose, por exemplo, são transmitidas por mosquitos, portanto não deixe de vacinar apenas pelo animal deixar de sair de casa. Prevenir é sempre o melhor remédio.
Covid Postivo: Em caso de confirmação de pessoa com resultado positivo para Covid é importante manter distanciamento não apenas das pessoas da mesma casa, mas também dos animais. “Até o momento não há qualquer confirmação sobre o animal ser um reservatório da doença. Contudo, a pessoa que está com o vírus pode passar a mão no pelo do animal e com isso ele pode carregar o vírus para outras pessoas que nele tocarem”, ressalta a veterinária.
SAIBA MAIS
Caso o proprietário esteja fazendo isolamento total, a clínica Planeta Animal disponibiliza facilidades como o leva e traz para banho e tosa e vacinas. Há também o e-commerce para realizar as compras de medicações, acessórios, rações, entre outros muitos produtos (Acesse: https://www.planetanimal.com.br/). A compra também pode ser feita via WhatsApp pelo (14) 99661-2355.
A clínica fica na Rua Sorocaba, 91, e o telefone para contato é o (14) 3432-5018.
Renata Borghetti Bedore (CRMV 10.070) – Médica veterinária especialista em Comportamento Animal e Dermatologia.