
Em maio de 2025, o governo Lula enfrenta críticas por medidas que revelam contradições na gestão fiscal. Com um déficit primário projetado em R$ 64,2 bilhões e a dívida pública beirando 80% do PIB, o governo anunciou o aumento do IOF, visando arrecadar R$ 20,5 bilhões, e um congelamento de R$ 31,3 bilhões no Orçamento para cumprir a meta de déficit zero. Contudo, a decisão de conceder reajustes salariais de 9% a 30% aos servidores públicos do Executivo, em meio a esse cenário, levanta questionamentos sobre a sustentabilidade das contas públicas e o risco de agravamento da crise fiscal.
O aumento do IOF, que eleva alíquotas em operações como cartões internacionais e remessas ao exterior, encarecerá o custo de vida e os negócios, impactando consumidores e empresas. Ao mesmo tempo, o reajuste generoso aos servidores, que visa compensar perdas salariais, pressiona ainda mais as despesas obrigatórias, como salários e previdência, que já consomem grande parte do Orçamento. A combinação dessas medidas ocorre em um momento em que o crescimento econômico, previsto em apenas 2%, e a inflação de 4,4% limitam a arrecadação, dificultando o equilíbrio fiscal.
Outro agravante é o contencioso judicial, com precatórios estimados em R$ 44,1 bilhões para 2025, que consomem recursos que poderiam ser destinados a investimentos em áreas como saúde e infraestrutura. Analistas alertam que, sem cortes estruturais nas despesas ou reformas amplas, a trajetória da dívida pública pode se tornar insustentável, afastando investidores e erodindo a confiança na economia. O governo, por sua vez, defende que o contingenciamento e o aumento de receitas via IOF são suficientes para manter a meta fiscal, apontando o superávit de R$ 55 bilhões até maio como sinal positivo.
A concessão de reajustes elevados em um contexto de aperto fiscal e aumento de impostos gera descontentamento social, especialmente entre trabalhadores do setor privado, que enfrentam inflação e crescimento tímido sem benefícios semelhantes. A percepção de privilégio ao funcionalismo público, aliada à ausência de medidas para conter o crescimento das despesas obrigatórias, alimenta o debate: o Brasil está caminhando para um colapso fiscal? Embora o governo descarte esse risco, a fragilidade do equilíbrio atual exige ações mais robustas para evitar um futuro de instabilidade econômica.
Fonte Diário Brasil