João Pedro Stédile, uma das principais lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), foi homenageado na segunda-feira 16, com a Medalha do Mérito Farroupilha. Essa é a mais alta distinção da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A proposta partiu do deputado Adão Pretto Filho (PT), em comemoração aos 40 anos do MST. A aprovação unânime da Mesa Diretora ocorreu em fevereiro deste ano.
A cerimônia aconteceu no Salão Júlio de Castilhos e contou com discursos emocionados. Adão Pretto Filho iniciou as falas ao saudar Stédile como “companheiro de luta, de causa e de sonhos”. Stédile, por sua vez, dedicou a honraria a todos que trabalham pela reforma agrária.
Ele rememorou momentos marcantes do movimento, como os confrontos na Encruzilhada Natalino, em 1981, e a invasão da Fazenda Annoni, em 1985. Também destacou o papel do MST na formação de médicos em Cuba. Ele enfatizou que, entre os mil brasileiros formados, 580 são oriundos do movimento.
O deputado Pepe Vargas (PT) representou a Mesa Diretora e destacou a pluralidade do Parlamento e a relevância dos movimentos sociais.
“Aqui estão representadas as principais forças político-ideológicas do Estado, é uma Casa plural, que tem tradição de ser democrática”, disse Vargas.
A cerimônia reuniu mais de 200 pessoas, entre parlamentares, membros do MST e familiares. Entidades também manifestaram apoio. Durante o evento, uma carta assinada pela Associação de Juízes e Juízas para a Democracia (AJD) – Núcleo Paulo Bisol foi lida. Além disso, foram lidas declarações de outras organizações ligadas aos direitos humanos, à saúde e ao meio ambiente.
Simpatizantes do MST acompanharam a solenidade por um telão
Simpatizantes acompanharam a solenidade por um telão na Praça da Matriz. Com bandeiras e faixas vermelhas, celebraram a homenagem e ouviram um discurso adicional de Stédile. Ele utilizou um carro de som. Durante sua fala, anunciou a produção de milhares de réplicas da medalha para distribuição entre os integrantes do movimento.
Apesar das comemorações, a homenagem gerou polêmicas. O deputado Capitão Martim (Republicanos) organizou um abaixo-assinado contra a iniciativa. O abaixo-assinado obteve mais de 25 mil assinaturas.
Os opositores consideraram a distinção inadequada a um líder que promove invasões de terras. No entanto, a Mesa Diretora manteve a decisão. A Mesa Diretora validou a decisão por unanimidade, seguindo as normas internas, que impedem a suspensão de uma entrega já aprovada.
Nascido em Lagoa Vermelha, Stédile formou-se economista pela PUC-RS e concluiu pós-graduação no México. Ativista desde jovem, ajudou a fundar o MST, em 1984. Ele permanece atuante em organizações, como a Via Campesina e a Assembleia Internacional dos Povos.
Fonte: Revista Oeste
Fonte Diário Brasil