Ricardo Stuckert

O Governo de Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia vai gastar R$ 21,5 milhões para bancar a formação de 60 estudantes baianos na Escola Latinoamericana de Medicina (ELAM), em Cuba. O pagamento será feito à ditadura cubana em parcelas anuais ao longo de seis anos e meio de curso, informou o portal Bahia Notícias.

O edital, divulgado pela Secretaria de Saúde da Bahia (SESAB) na última terça-feira, 11, prioriza candidatos de baixa renda, residentes na zona rural, que demonstrem destacado engajamento junto a movimentos sociais, como o MST. O contrato com a ditadura de Miguel Díaz-Canel contempla matrícula, hospedagem, alimentação e bolsa de estudos. O gasto com cada estudante será de R$ 360 mil.

Segundo informações obtidas pelo Bahia Notícias, a ELAM informou que o custo para não-bolsistas em 2025 seria de US$ 57,4 mil, incluindo o curso médico. A hospedagem com alimentação típica cubana custa US$ 6,85 por diária, cerca de R$ 36. Se o curso fosse autofinanciado, o valor total chegaria a R$ 23,2 milhões.

A Universidade do Estado da Bahia (UNEB) é responsável pelo processo seletivo, que será realizado em cooperação técnica com a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), entidade investigada pelo Tribunal de Contas do Estado por supostas irregularidades encontradas na organização da COP-30 e no programa Pé-de-Meia.

Como contrapartida, os formados deverão atuar por no mínimo dois anos em áreas rurais da Bahia, após validar o diploma no Brasil. O edital determina que a 

seleção

 siga critérios de intercâmbio acadêmico-científico com foco em regiões carentes e rurais do interior baiano. O processo terá três etapas eliminatórias e classificatórias, todas conduzidas pela UNEB.

Entre os requisitos estão:

– ser brasileiro, preferencialmente residente na zona rural da Bahia;

– ter concluído o ensino médio;

– ser maior de 18 anos;

– possuir passaporte;

– comprovar atuação comunitária;

– comprometer-se a trabalhar por dois anos após o diploma validado;

– declarar-se de baixa renda, conforme legislação.

Histórico da ELAM e relação com o Brasil

A ELAM foi criada em 15 de novembro de 1999, por iniciativa do então ditador Fidel Castro, para formar gratuitamente jovens de países pobres da América Central e Caribe, afetados por furacões em 1998. De acordo com a escola, mais de 30 mil alunos de 120 países já se formaram na instituição.

O Programa Mais Médicos, que envolveu Brasil e Cuba a partir de 2013, também usou intermediação financeira semelhante. O Brasil repassava fundos à Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), que transferia ao governo cubano, responsável por definir a remuneração dos médicos enviados. Relatórios mostravam que apenas de 25% a 40% dos valores chegavam aos profissionais, enquanto o restante ficava com o Estado cubano. Estimativas em 2013 sugeriam que até 75% dos salários eram retidos pelo governo de Cuba.

O modelo foi criticado por parlamentares e entidades que questionavam a falta de vínculo dos médicos com o governo brasileiro e possíveis irregularidades trabalhistas. A intermediação da OPAS também foi investigada pelo TCU e pelo Ministério Público Federal (MPF).

Mais Médicos

Em 2017, o TCU avalizou o Mais Médicos, mas recomendou ao Ministério da Saúde aprimorar repasses e dar mais transparência.

O tema ganhou destaque na campanha de Jair Bolsonaro em 2018, que defendeu pagamentos diretos aos cubanos e validação de diplomas. Depois das declarações de Bolsonaro, o governo cubano decidiu retirar mais de 8 mil médicos do programa, alegando que as afirmações do presidente eleito foram desrespeitosas e inaceitáveis.

Com a volta de Lula ao governo em 2023, o programa foi retomado. Os Estados Unidos sancionaram recentemente o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e funcionários da pasta por colaborarem com o Mais Médicos. Os EUA cassaram o visto ou restringiram o acesso ao país.

Médica da Bahia critica parceria com Cuba

A médica baiana Raíz Soares criticou a decisão do governo da Bahia. Ela disse que o ensino de medicina em Cuba é pior do que o do Brasil e que os alunos não são escolhidos por mérito, mas por militância política.

“Estudar medicina num lugar que é melhor do que o Brasil, nós vamos agregar valor para quem estudar. Estudar num lugar que é pior, nós estamos gastando dinheiro de uma forma absolutamente sem sentido”, declarou em vídeo postado no X.

A médica também afirmou que, antes do gasto milionário com a ditadura cubana, o governo petista deveria fazer o dever de casa.

“Saúde e educação na Bahia têm os piores indicadores do país”, declarou.

Com informações de Revista Oeste 

Fonte: Diário Do Brasil

Compartilhar matéria no
Bahia: Governo petista vai gastar 20 milhões para formar estudantes de medicina em Cuba