
Segundo instituto, quase 80% das propriedades rurais da região têm envolvimento na extração ilegal | Foto: Divulgação/Agência Brasil
Entre agosto de 2023 e julho de 2024, retirada clandestina de madeira cresceu 62%; especialistas temem colapso no controle territorial
A exploração ilegal de madeira no Amazonas voltou a crescer e já domina a maior parte da atividade florestal no Estado. Segundo nota do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), 62% de toda a extração registrada entre agosto de 2023 e julho de 2024, sob o governo Lula da Silva, ocorreu sem qualquer autorização dos órgãos ambientais.
Em circulação nesta sexta-feira, 5, os dados destacam principalmente que dos 68 mil hectares sob análise, 42 mil registraram algum tipo de exploração irregular. O avanço representa alta de 9% em comparação ao levantamento anterior, quando 38 mil hectares haviam sido explorados ilegalmente. Do mesmo modo, a concentração territorial também chama atenção. Somente os municípios de Boca do Acre e Lábrea respondem por 75% de toda a retirada clandestina.
Focos de exploração ilegal
Conforme diagnóstico do Imazon, imóveis rurais que têm registros em bases públicas, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), o Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) e o Programa Terra Legal, demonstram envolvimento em 77% da exploração ilegal. São 32,5 mil hectares sem autorização. O número indica dessa forma falhas na fiscalização, assim como no controle do uso da terra.
O estudo mostra principalmente que 13% das áreas irregulares estão dentro de territórios teoricamente sob proteção. Desse total, 9% (3,9 mil hectares) estão em terras indígenas. Outros 4% (1,6 mil hectares) situam-se em unidades de conservação. A extensão equivale a mais de cinco mil campos de futebol.
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Camila Damasceno, pesquisadora do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, afirma que comunidades tradicionais, cuja subsistência depende da floresta em pé, já sentem os efeitos diretos dessa expansão. A retirada de madeira, legal ou não, altera a dinâmica de caça, pesca e coleta, comprometendo modos de vida consolidados há gerações.
Paralelamente ao avanço da exploração ilegal, a área com autorizações formais também aumentou de forma expressiva. Saltou de 11,3 mil hectares em agosto de 2023 para 26,1 mil hectares em julho de 2024, crescimento de 131%. O Imazon reforça que a tendência preocupa órgãos ambientais e especialistas, que veem risco real de colapso no controle territorial caso a fiscalização não seja intensificada.C
Com informaões Revista oeste
Fonte: Diário Do Brasil
