O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está muito irritado com a demora de Israel em liberar a saída dos brasileiros da Faixa de Gaza. Mas a ordem no governo é não reclamar publicamente, pelo menos enquanto houver expectativa de liberação da passagem pela fronteira com o Egito.

Se a liberação não ocorrer nos próximos dias, aí sim, o governo brasileiro tomará medidas mais duras contra o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu seguindo os exemplos de Bolívia, Chile e Colômbia. A Bolívia rompeu relações com Israel em protesto contra a ofensiva na Faixa de Gaza. Colômbia e Chile convocaram seus embaixadores em Tel Aviv para consultas.

Uma decisão já está tomada: Lula disse a auxiliares que o Brasil irá se posicionar, nos fóruns internacionais, frontalmente contrário à permanência de Israel no território da Faixa de Gaza após o final da guerra.

Netanyahu declarou que Israel estuda manter a ocupação militar sobre a Faixa de Gaza por um período indefinido após a guerra.

Há no Palácio do Planalto e na diplomacia brasileira um convencimento de que nenhum dos 32 brasileiros e afins que esperam deixar Gaza rumo ao Brasil ainda não foram liberados para cruzar a fronteira com o Egito por mera retaliação.

Radicais do governo Netanyahu não aceitam o fato de o Brasil ter-se posicionado junto à Organização das Nações Unidas (ONU) pelo cessar-fogo em Gaza.

Para a diplomacia brasileira, são esses mesmos radicais que defendem a manutenção da ocupação militar sobre a Faixa de Gaza. Haveria, inclusive, planos de, após a guerra, o governo de Israel permitir ou incentivar a instalação de colonos na região, da mesma forma que foi feita na Cisjordânia.

Até hoje a ONU é contrária às colônias israelenses em território palestino, mas Israel ignora os apelos internacionais.

Agora, no entanto, a expectativa entre os diplomatas é de que a reação internacional será muito mais forte, se Israel insistir na ocupação.

Diplomatas brasileiros lembram que o Brasil foi decisivo na criação do Estado de Israel. Foi um diplomata do Brasil, Oswaldo Aranha, quem presidiu a 2ª Assembleia Geral da ONU, justamente aquela que votou o plano de partição da Palestina para criação do Estado de Israel.

A resolução estava longe de ser um consenso, mas as articulações do brasileiro foram consideradas decisivas. Tanto que, hoje, há ruas com seu nome em Tel-Aviv, Bersebá e Ramat Gan, em Israel. E uma Praça Oswaldo Aranha em Jerusalém.

UOL/Tales Faria

FONTE: terrabrasilnoticias.com

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Lula diz não aceitar ocupação de Gaza e pode entrar no conflito entre Israel e grupo terrorista
Foto: Sérgio Lima/Poder360 - 07.nov.2023