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A mineradora australiana St. George, que tem projetos de terras raras e nióbio em Minas Gerais, anunciou nesta quarta-feira (10) uma aliança com uma das principais fornecedoras de materiais magnéticos para a indústria de defesa dos Estados Unidos. O anúncio acontece em meio ao interesse do governo americano em diminuir a concentração deste mercado na China.

Segundo a St. George, a americana REalloys vai avaliar os minerais de terras raras do projeto da mineradora em Araxá (MG), incluindo amostras de oxalato de terras raras –um produto da concentração do minério que contém os elementos.

Hoje, a única mineradora de terras raras em operação no Brasil, a Serra Verde, também faz a concentração do minério, ainda que o processo adotado para isso seja distinto.

Caso a avaliação ateste a qualidade do minério extraído pela St. George, a REalloys pode assinar contratos antecipados de compra com a mineradora que englobam até 40% da futura produção, que pode chegar a 15 mil toneladas por ano a partir de 2027. Esses contratos são fundamentais para o andamento dos projetos de pequenas mineradoras, uma vez que permitem a formação de caixa antes da entrada em operação. Também ajuda essas mineradoras na obtenção de crédito, outro desafio encontrado por executivos com atuação no Brasil na cadeia de minerais críticos.

O memorando de entendimento divulgado nesta quarta, no entanto, não prevê obrigação formal para que a empresa americana assine contratos antecipados com a mineradora, mesmo se os elementos analisados passarem no teste. A expectativa das partes é que o processo de análise e de uma eventual assinatura de contrato dure 120 dias.

Ainda assim, a St. George pontua que a aliança também é importante, porque a REalloys ajudará a mineradora a otimizar o fluxograma do processamento do mineral, com o objetivo de produzir um produto mais adequado para a fabricação de ímãs. Essa parceria pode envolver a avaliação de novas tecnologias, inclusive aquelas patenteadas pela empresa americana.

A REalloys é uma produtora integrada de materiais de ímãs de terras raras para mercados estratégicos dos EUA. Alguns de seus principais clientes são o Estoque Nacional de Defesa dos EUA, a Base Industrial de Defesa dos EUA e a Base Industrial Nuclear dos EUA –todos ligados ao governo americano. Suas operações estão localizadas em Ohio.

Já a St. George é uma mineradora ainda pré-operacional listada nas Bolsas de Sydney. Seu principal interesse é extrair nióbio em Araxá, um outro mineral crítico, mas o projeto também conta com a extração de minerais com elementos de terras raras. Após o anúncio desta quarta, as ações da empresa valorizaram 11% na Bolsa de Sydney.

Na semana passada, a mineradora divulgou resultados que apontam “grande possibilidade de aumento do potencial” de produção de nióbio e terras raras em suas reservas. A companhia também afirmou ter confirmado uma nova área com terras raras de alto teor há cerca de um quilômetro a leste do recurso atual, com indícios de volume significativo de mineralização rasa –o que tende a baratear os custos de extração.

Antes das novas sondagens, dados indicavam que os recursos do projeto somavam 40,6 milhões de toneladas de minério (entre medidos, indicados e inferidos) com 4,13% de terras raras e 41,2 milhões de toneladas de minério com 0,68% de nióbio. Os novos valores ainda não foram divulgados.

Com a aliança firmada, a St. George coloca um pé nos EUA e outro na China. Os chineses são donos de 7% da empresa, atrás apenas da americana Itafos (10%), que detinha o projeto antes dos australianos. Além disso, os chineses já têm contratos de compra antecipada de nióbio com a mineradora australiana –a China é o principal consumidor de nióbio no mundo.

 Fonte: Folha de S. Paulo

Fonte: Diário Do Brasil

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Mineradora com projeto de terras raras no Brasil se alia a fornecedor de ímãs do governo dos EUA