
Ricardo Stuckert/ PR
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), intensificou as articulações políticas para emplacar o nome de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como o próximo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
A informação foi publicada pelo blog de Malu Gaspar, em O Globo. Segundo a colunista, Alcolumbre e seus aliados sustentam um “trunfo” na tentativa de convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a optar por Pacheco: um levantamento interno que indica que o atual presidente do Senado teria pelo menos 60 votos favoráveis em plenário.
O trunfo de Alcolumbre
De acordo com o levantamento feito por aliados de Alcolumbre — que funciona como um “termômetro” do humor da Casa —, Pacheco seria aprovado com folga pelos senadores. “Sabemos que Pacheco teria mais de 60 votos, fácil. E Messias, hoje, menos de 41”, afirmou um interlocutor do senador, em declaração reproduzida pelo blog. Para ser confirmado no STF, o indicado precisa de pelo menos 41 votos.
A estratégia de Alcolumbre é simples: oferecer ao presidente Lula uma opção politicamente segura, que garanta aprovação tranquila no Senado e evite um novo desgaste com o Congresso. O argumento ganha força num momento em que o governo enfrenta reveses parlamentares — como o da semana passada, quando a Câmara deixou caducar a medida provisória que tratava da tributação de aplicações financeiras, medida que poderia render um alívio fiscal de R$ 35 bilhões.
A resistência a Messias e o “trauma Dino”
Embora o advogado-geral da União, Jorge Messias, seja apontado como favorito, sua possível indicação tem provocado resistência em parte da base governista. Segundo a apuração do blog de Malu Gaspar, interlocutores de Alcolumbre avaliam que o Senado ficou “traumatizado” com a nomeação de Flávio Dino, atual ministro do STF, que relator de ações sobre o orçamento secreto e irregularidades em emendas parlamentares, desagradou a muitos congressistas.
Messias é visto como um “homem de confiança de Lula” e um “quadro ideológico do PT”, o que gera desconforto entre senadores mais conservadores. O receio é que sua eventual indicação aprofunde divisões no Congresso e mobilize a oposição — especialmente a ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
A ofensiva da oposição
Bolsonaristas já se preparam para usar o episódio do famoso áudio entre Lula e Dilma Rousseff, divulgado ilegalmente em 2016 pelo então juiz Sergio Moro, como munição contra Messias. Na gravação, Dilma afirma que enviaria o “termo de posse” ao petista, em referência à sua nomeação para a Casa Civil — o que à época foi interpretado como tentativa de garantir foro privilegiado a Lula.
A oposição agora pretende explorar o fato de Messias ser o “Bessias” mencionado no diálogo. “O ‘Bessias’ é o mais fácil de bater, é só colocar o áudio. A oposição vai bater pesado e dizer que ele vai servir o Lula”, disse um senador com trânsito entre lulistas e bolsonaristas, segundo o blog.
Um jogo político delicado
Embora o Senado não rejeite uma indicação ao STF desde o governo de Floriano Peixoto, em 1894, o atual cenário político é considerado sensível. O governo Lula tem enfrentado resistências crescentes no Congresso, e uma derrota em uma sabatina para o Supremo seria um golpe simbólico de grandes proporções.
Com isso, Alcolumbre tenta usar seu “número mágico” — mais de 60 votos favoráveis a Pacheco — como carta de segurança para o Planalto. Sua aposta é de que Lula, diante do risco político, opte por uma escolha com apoio consolidado no Senado, transformando a indicação em uma vitória institucional e política.
Fonte: O GLOBO
Fonte: Diário Do Brasil