Viralizou nas redes sociais nesta segunda-feira, 25, uma foto do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), usando um relógio de luxo da marca suíça Patek Philippe, uma das mais conceituadas e caras do mundo. Uma publicação no X, feita por um perfil que tem 4.002 seguidores, tinha, até o início da noite, mais de 23 mil curtidas, quase 4.000 comentários e mais de 4.200 repostagens.
A publicação (veja abaixo) questionava como um magistrado do STF, que ganha em torno de 41 mil reais mensais, teto do Judiciário, teria condições financeiras de adquirir o relógio, cujo valor seria de 350 mil reais. A situação, no entanto, não é bem essa.
O relógio que Moraes aparece usando na foto é o modelo 5711G da marca, feito de ouro branco com pulseira de couro de crocodilo, produzido pela Patek Philippe entre os anos de 2008 e 2011. Na época, ele custava em torno de 30 mil dólares (na cotação atual, equivalente a 174 mil reais). Agora que ele saiu de linha, ficou valorizado, algo comum no mercado de luxo. Hoje, o relógio vale entre 350 mil e 500 mil reais, dependendo do estado de conservação e se está ou não completo — com caixa e documentação.
A compra de um relógio como esse funciona mais ou menos da mesma forma que a famosa bolsa Birkin, da Hermès. Não basta ter o dinheiro em mãos, é preciso ter alguma “indicação” ou esperar alguns anos na fila. “Alguns modelos da marca você fica sete a dez anos esperando para comprar. É como o Rolex Daytona. O preço dele no site é em torno de 110 mil reais. Mas, se você for na loja, não consegue comprar. Precisa entrar na fila”, explica Leandro Amorim, dono do canal GMT Menos 3, que fala sobre a relojoaria de alto padrão.
Gosto por relógios
Acompanhando o setor há uma década, Amorim chegou a fazer um vídeo no seu canal sobre os relógios usados pelos ministros do STF, mas acabou tirando-o do ar. Além do Patek Philippe, Moraes também já foi visto usando um Rolex Yacht-Master, um Tag Heuer Carrera Calibre 16 e um Omega De Ville. Pela observação do estudioso, o ministro tem esses relógios já há alguns anos. “Pessoas como ele, que têm uma vida pregressa de muito sucesso, têm acesso a esse mercado”, diz Amorim.
Antes de ser ministro da Corte, Moraes teve vários cargos públicos — ele foi Ministro da Justiça de Michel Temer, secretário de Segurança Pública de São Paulo no governo Geraldo Alckmin, secretário de Transportes de Gilberto Kassab na prefeitura de São Paulo, compôs o Conselho Nacional de Justiça e, nos anos 1990, começou como promotor no Ministério Público paulista.
Moraes tem padrão de renda compatível com o produto. Até ingressar no STF, o hoje ministro também tinha seu escritório de advocacia, gerido agora pela sua esposa e filhos. Atualmente, além de ocupar uma cadeira na Corte, Moraes é professor de Direito do Largo do São Francisco, na USP, e também do Mackenzie, atividades pela qual também é remunerado. Informações essas que certamente escaparam ao perfil, que usa um apelido e não o nome real, que fez a publicação viralizada no X nesta segunda.
A reportagem entrou em contato com o gabinete do ministro por meio da assessoria de imprensa do STF, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem. O espaço está aberto para manifestação.
Fonte: Veja
Fonte Diário Brasil Noticias