Foto: Reprodução/TV Globo

De acordo com um artigo publicado pelo jornal alemão Die Welt, nesta terça-feira, 8, a União Europeia (UE) cometeu um “erro precipitado e colossal” ao rejeitar acordos com o Brasil durante o governo Bolsonaro por questões ideológicas e, em seguida, acolher o seu sucessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para o jornal, apesar de a Europa considerar o ex-presidente Jair Bolsonaro como um “populista de direita”, a sua política externa estava mais alinhada com os intereresses ocidentais.

“Ninguém admitirá isso abertamente, mas, de uma perspectiva puramente de política externa, até mesmo partes do Partido Verde em Berlim e Bruxelas provavelmente prefeririam ver Bolsonaro no comando do Brasil hoje”, diz um trecho do artigo assinado pelo colunista Tobias Käufer.

O texto destaca que a postura de Bolsonaro em relação à China, Rússia e Israel “está significativamente mais próxima dos europeus do que Lula, que corteja Moscou, Pequim e Teerã”.

UE paga o preço da “arrogância”
Segundo o artigo, o cenário atual se deve, em grande parte, ao fato de que “a Europa nunca apreciou verdadeiramente a relevância internacional do Brasil”.

“Quando uma janela de oportunidade finalmente se abriu para a União Europeia, em 2019, finalizar o acordo de livre comércio UE-Mercosul, Bruxelas perdeu a oportunidade histórica”, diz o texto. “A elite política europeia era orgulhosa demais para posar para uma foto com o presidente populista de direita Jair Bolsonaro.”

Para o Die Welt, a União Europeia está “pagando caro” por ser “arrogante” com o Brasil durante o governo Bolsonaro.

O colunista ressalta que a elite política europeia deveria lembrar que “alianças são formadas entre Estados, não entre políticos”.

Indiferença da UE abriu caminho para ascensão do Brics
Na visão do jornal, a indiferença da União Europeia abriu caminho para que o “populista de esquerda, Lula, chegasse à cúpula do Brics, com China, Rússia e Irã”.

“Estas são imagens que devem doer o coração de qualquer democrata: o chefe de Estado da maior democracia da América Latina está cortejando regimes que atropelam a democracia e os direitos humanos”, diz outro trecho do artigo. “Para o presidente populista de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, isso é essencialmente uma declaração de falência política, e muitos brasileiros também estão cada vez mais preocupados com essa cooperação.”

Brasil no G7?
O colunista questiona se seria sensato admitir o Brasil no G7 neste momento em que a política externa do governo Lula é claramente contrária aos interesses ocidentais.

“Os ‘Estados ocidentais’ se veem como uma comunidade de valores compartilhados, comprometidos, entre outras coisas, com a liberdade e os direitos humanos, a democracia e o Estado de Direito, a prosperidade e o desenvolvimento sustentável”, disse.

Os países que formam o G7 são: Estados Unidos, Itália, Japão, Canadá, Grã-Bretanha, França e Alemanha.

Por fim, o artigo lamenta a postura atual do Brasil e diz que, em outro cenário, a sua inclusão no bloco poderia enviar uma mensagem positiva ao chamado Sul Global.

“Seria também um reconhecimento ao país de 210 milhões de habitantes por seu trabalho de desenvolvimento industrial e democrático”, afirmou “Cultural e politicamente, o país opera de forma semelhante ao ‘Ocidente’. O Brasil poderia atuar como um elo entre as nações industrializadas, de um lado, e os países emergentes e em desenvolvimento, de outro.”

Fonte: Revista Oeste

Fonte Diário Brasil

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Rejeição a Bolsonaro e acolhida a Lula foi ‘erro colossal’ da UE, diz jornal alemão