Imagem: Saulo Cruz/Agência Senado

O perito Eduardo Tagliaferro —ex-assessor do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e ex-chefe da AEED (Assessoria de Enfrentamento à Desinformação) do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)— afirmou hoje que um relatório sobre empresários bolsonaristas teve a data fraudada a fim de ocultar que uma ação de busca e apreensão sobre eles foi baseada apenas em uma reportagem jornalística.

O que aconteceu

Tagliaferro exibiu documentos e arquivos para demonstrar acusações. O depoimento aconteceu em uma audiência pública que a oposição faz na Comissão de Segurança Pública do Senado para se opor ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF(Supremo Tribunal Federal), que ocorre hoje em Brasília.

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Em agosto de 2024, site Metrópoles noticiou que empresários bolsonaristas defenderam, em grupo fechado de whatsapp, golpe de Estado para garantir continuidade do governo de Jair Bolsonaro no poder. Em 23 de agosto, depois da reportagem, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra os empresários por ordem do ministro Alexandre de Morais.

À época, imprensa questionou fato de ação policial se basear apenas em reportagem jornalística. Segundo Tagialiaferro, para abafar as críticas, o juiz-instrutor de Morais, Airton Vieira, lhe pediu, dias depois da operação policial, para fazer um relatório sobre o grupo de whataspp noticiado na reportagem. O perito mostrou uma tela de computador mostrando que o documento foi produzido apenas em 28 de agosto.

No entanto, no processo, relatório aparece como produzido em 22 de agosto, um dia antes da operação da PF. UOL procurou o STF e o ministro Alexandre de Morais. Os esclarecimento serão publicados quando forem recebidos.

Declarações de Tagliaferro contrapõem questionamento sobre ilegalidade do uso da AEED ao menos em relação às decisões do STF para manter ou soltar os presos em flagrante detidos após os ataques aos Três Poderes no início de 2023. Segundo o perito e ex-assessor, a ação policial, na verdade, se baseou apenas na reportagem jornalística. “Foi pedido, através do Alexandre de Moraes, para que se construísse uma história”, afirmou ele. Assim, a ordem seria “confeccionar parecer com data retroativa”

Senadores na audiência, todos de oposição, disseram que vão incluir as acusações nos pedidos de impeachment de Alexandre de Moraes e oficiar os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), e do Supremo, Luís Roberto Barroso. Depois da revelação, os parlamentarias bradaram, além do impeachment do ministro, pela paralização do julgamento de Bolsonaro.

Tagliaferro afirmou que fez a preservação das provas que exibiu usando técnicas periciais de cadeia de custódia.

Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente e que lidera a sessão, afirmou que isso valeria para vários processos. “Hoje está comprovado o modus operandi do marginal Alexandre de Moraes para requentar provas.”

No entanto, Eduardo Tagliaferro afirmou que essa foi a única vez em que ele e a AEED produziram uma informação fraudulenta — no caso, a data da produção do relatório.

Fonte: NOTÍCIAS UOL

Fonte: Diário Do Brasil

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Tagliaferro diz que relatório para justificar busca da PF foi fraudado