Foto: Ricardo Stuckert

Uma crise silenciosa, mas de potencial devastador, ronda os bastidores da política externa brasileira. A ameaça de sanções econômicas coordenadas por países do bloco da OTAN ao Brasil, em decorrência da crescente aproximação comercial do governo Lula com a Rússia, causou um verdadeiro estado de choque no Palácio do Planalto e acendeu o alerta no Itamaraty. Segundo apurou esta reportagem com uma fonte de trânsito direto no núcleo político do governo — sob condição de anonimato — a situação é considerada “gravíssima” e sem precedentes desde o retorno do país à democracia.

Até então, as sanções impostas pelos Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump, eram tratadas com relativa tranquilidade por setores do governo Lula. A avaliação era de que, além de contornáveis, poderiam ser exploradas politicamente pelo Planalto com a narrativa de que Washington estaria tentando se intrometer em assuntos internos do Brasil. Esse discurso, acreditavam estrategistas do PT, fortaleceria a imagem de um governo “soberano” diante de parte da opinião pública latino-americana e da esquerda global.

Mas o cenário mudou de forma drástica. Segundo a mesma fonte, a verdadeira bomba caiu quando um representante de alto escalão da OTAN sinalizou, em reunião a portas fechadas, que o Brasil poderia sofrer sanções tarifárias de até 100% por parte de todos os países-membros da aliança. O motivo: o Brasil é hoje o segundo maior comprador mundial de combustível da Rússia, ficando atrás apenas da China.

O dado foi interpretado como “inaceitável” por parte de países europeus que vêm adotando medidas duríssimas contra Moscou desde o início da guerra na Ucrânia. Para esses países, o Brasil estaria minando os efeitos das sanções ocidentais e financiando, mesmo que indiretamente, o esforço de guerra russo.

A avaliação no Planalto, segundo o político ouvido pela reportagem, é que um pacote de sanções simultâneas por EUA e OTAN poderia levar o país à bancarrota em questão de meses. Com o agronegócio e a indústria nacional fortemente dependentes de exportações para Europa e EUA, além do uso de componentes e tecnologia estrangeira, o impacto seria profundo e imediato. “Seria como um embargo disfarçado. Nem no governo Dilma vimos algo parecido”, confidenciou a fonte.

O Itamaraty, por sua vez, já iniciou discretamente uma ofensiva diplomática para tentar conter a escalada, mas enfrenta resistência. Há quem defenda dentro do governo um recuo estratégico nas compras de petróleo russo, enquanto o núcleo ideológico do PT pressiona para manter a atual linha de “soberania comercial”. A divisão interna é clara — e perigosa.

Se confirmadas, as sanções da OTAN podem desencadear a maior crise econômica e diplomática do governo Lula em seu terceiro mandato. O Brasil, em pleno ano pré-eleitoral, se vê no epicentro de uma disputa geopolítica de grandes proporções — e com pouco espaço para manobra.

Por Júnior Melo

Fonte: Diário Do Brasil

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URGENTE: Ameaça de sanções da OTAN ao Brasil acende alerta vermelho no Planalto