
Fábio Rodrigues- pozzebom/ Agência Brasil
O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, enfrenta o desafio de manter a relevância do Brics em meio a uma cúpula esvaziada, marcada pela ausência de líderes de peso como os presidentes da China, Xi Jinping, da Rússia, Vladimir Putin, e do Irã, Masoud Pezeshkian, no encontro realizado no Rio de Janeiro, em 6 e 7 de julho de 2025. Apesar das baixas, Amorim defende a inclusão do Irã no bloco, argumentando que a participação do país pode fortalecer a posição do Brics como contraponto às potências ocidentais. Para o diplomata, a presença iraniana, mesmo em um momento de tensões globais, reforça a narrativa de um grupo que busca autonomia e influência em um mundo multipolar, alinhado à visão do governo Lula de promover o Sul Global.
No entanto, a ausência de líderes-chave e o veto à entrada da Venezuela, criticado por Nicolás Maduro, expõem fragilidades na coesão do bloco. Amorim, que já lamentou as declarações de Maduro, insiste que o Brics deve priorizar países com capacidade de contribuir estrategicamente, sem se prender a julgamentos morais ou políticos. Ele destaca que a inclusão do Irã, apesar das controvérsias envolvendo seu programa nuclear, pode trazer peso geopolítico, especialmente em discussões sobre conflitos no Oriente Médio, como a guerra entre Israel e o Hamas. Contudo, a falta de consenso entre os membros e as tensões com potências como os Estados Unidos, que veem o Brics com desconfiança, desafiam a estratégia de Amorim de manter o grupo como uma força global relevante.
Enquanto Lula aposta no Brics para projetar o Brasil como mediador em conflitos internacionais, como na guerra Irã-Israel, Amorim enfrenta críticas por sua postura pró-Irã, que inclui apoio ao uso pacífico de energia nuclear pelo país. Essa posição, expressa em reuniões como a de Moscou com o Conselho de Segurança iraniano, é vista por críticos como um alinhamento arriscado com regimes autoritários, o que pode isolar o Brasil de parceiros ocidentais. Ainda assim, Amorim mantém o discurso de que o Brics é essencial para equilibrar a ordem global, promovendo paz e desenvolvimento, mesmo diante de um cenário geopolítico descrito por ele como “o mais perigoso” em décadas.
Fonte: Revista Oeste
Fonte Diário Brasil