
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse nesta segunda-feira, 9, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que Bolsonaro se reuniu com o hacker Walter Delgatti Neto para discutir a possibilidade de as urnas eletrônicas serem fraudadas nas eleições de 2022. Segundo Cid, quem marcou o encontro entre o hacker e o então presidente foi a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP).
A reunião ocorreu no Palácio da Alvorada, em Brasília, antes do pleito daquele ano. “Foi na hora do café da manhã, se não estou enganado. Eu cheguei depois. Eles chegaram bem cedo. O hacker estava levantando as hipóteses de como poderia ter sido feita a fraude e como se poderia descobrir essa fraude. E aí, no final da reunião, o presidente pediu para o general Paulo Sérgio receber esse hacker com a Carla Zambelli”, declarou Cid. Paulo Sérgio Nogueira era ministro da Defesa na época.
Ainda no depoimento, Cid disse que Bolsonaro esperava encontrar alguma fraude nas urnas para convencer os comandantes das Forças Armadas a intervirem na transição de governo, no final de 2022.
“A grande expectativa era que fosse encontrada uma fraude nas urnas. O que a gente sempre viu era uma busca por encontrar fraude na urna. Com a fraude na urna, poderia convencer os militares, dizendo que a eleição foi fraudada e, talvez, a situação mudasse”, declarou.
Zambelli e hacker foram condenados
No mês passado, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal condenou Carla Zambelli a 10 anos de prisão, perda do mandato e ao pagamento de multa, por invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos falsos. A decisão foi unânime.
Os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux acompanharam o voto do relator, Alexandre de Moraes.
Zambelli e o hacker Walter Delgatti Neto viraram réus no caso em maio do ano passado. O julgamento da ação penal na Primeira Turma do STF foi realizado no plenário virtual. Em relação ao hacker, com todos os ministros acompanhando o relator, Delgatti Neto foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão e ao pagamento de multa.
Pela decisão da Primeira Turma, Zambelli e ele cumprirão a pena de reclusão inicialmente em regime fechado. Os dois são condenados também ao pagamento do valor mínimo indenizatório a título de danos materiais e morais coletivos de 2 milhões de reais.
Fonte: O Antagonista
Fonte Diário do Brasil