
* Por Valcelí Leite
Este artigo propõe uma jornada de reconciliação interior como o caminho mais seguro para restaurar vínculos afetivos em crise. Inspirado na psicologia analítica de Carl Gustav Jung, aborda quatro movimentos fundamentais: perdão, responsabilização, limites e reencontro com o próprio eu.
“Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos.” — 2 Coríntios 13:5
Introdução
A maioria das crises conjugais nasce da tentativa de corrigir o outro antes de compreender a si mesmo. É comum ver casais esgotados emocionalmente, projetando suas dores e frustrações no parceiro, enquanto evitam olhar para dentro. Mas toda mudança relacional começa por um ajuste interior.
Carl Gustav Jung afirmava que “aquilo que não enfrentamos em nós mesmos, encontraremos como destino.” No casamento, esse destino se manifesta em repetições, brigas e afastamentos. O caminho de cura é, antes de tudo, um retorno à interioridade. A seguir, quatro movimentos que transformam o caos em reconciliação.
1. Perdão: o ato de libertar-se do passado
Perdoar não é esquecer, mas abrir mão do direito de continuar ferido. É compreender que o ressentimento mantém o vínculo com a dor.
Aplicação prática: escreva o que mais o feriu e, em oração, declare sua decisão de se libertar disso. O perdão cura o coração antes de restaurar o vínculo.

“É comum ver casais esgotados emocionalmente, projetando suas dores e frustrações no parceiro, enquanto evitam olhar para dentro”, explica Valcelí
2. Responsabilização: sair do papel de vítima
Enquanto houver culpa projetada, não há evolução. Responsabilizar-se não significa assumir culpas que não são suas, mas reconhecer sua parcela nas dinâmicas que se repetem.
Aplicação prática: pergunte-se: “Qual atitude minha alimenta o distanciamento entre nós?” Esse movimento interrompe o ciclo de acusações e abre espaço para o diálogo verdadeiro.
3. Limites: amor com estrutura
Relacionamentos sem limites se tornam terreno fértil para abusos e esgotamento emocional. O limite não é rejeição, é cuidado.
Aplicação prática: aprenda a dizer “não” com amor, sem agressividade. A clareza nas fronteiras fortalece o respeito e devolve dignidade à relação.
4. Reencontro com o próprio eu: o retorno à essência
Quando nos perdemos de nós mesmos, perdemos também o brilho da relação. O reencontro interior é o movimento de voltar à autenticidade e à verdade pessoal.
Aplicação prática: reserve um tempo semanal para se ouvir — seja em silêncio, oração, terapia ou escrita. Relacionar-se bem com o outro exige estar inteiro consigo.
Reflexão Terapêutica
Em terapia, é comum perceber que muitos conflitos conjugais são reflexos de conteúdos inconscientes não elaborados. Jung chamaria isso de “projeções”. Quando o indivíduo acolhe sua própria sombra, deixa de ver o cônjuge como inimigo e o reconhece como espelho. O verdadeiro amor nasce da consciência de si — amar o outro sem perder a si mesmo é o ponto de equilíbrio entre individuação e comunhão.
Base Bíblica
2 Coríntios 13:5 — “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé.” Paulo nos convida à autoanálise espiritual e emocional. Esse exame interior é profundamente terapêutico: quanto mais nos conhecemos, menos transferimos nossas dores ao outro. A fé, nesse contexto, é também confiança no processo de transformação interior.
Nesta semana, escolha um dos quatro movimentos — perdão, responsabilização, limites ou reencontro — e pratique-o conscientemente.
Anote suas percepções e compartilhe com seu cônjuge o que descobriu sobre si.
A mudança começa quando paramos de exigir transformação e passamos a ser o exemplo dela.
Precisa de ajuda,
agende sua sessão.
Desejo a você e sua
família uma semana
na Graça.
*Valcelí Leite (@ValceliLeite) Psicanalista, Teoterapeuta (Terapia Cristã), Pastor, presidente da ABRATHEO, Pós-graduado: Terapia Familiar Sistêmica, T.C.C. e com MBA em Teoterapia. Teopsicoterapeuta com orientação a indivíduos,
casais e famílias. Atendimento presencial e On-Line. Palestrante sobre temas de Autoconhecimento.
