A ciência sabe que emoções negativas, incluindo raiva, tristeza e ansiedade, têm um impacto negativo na saúde do coração, e um novo estudo explica como a raiva pode até causar ataque cardíaco.
O novo estudo foi publicado esta semana no Journal of the American Heart Association.
Os pesquisadores descobriram que breves episódios de raiva podem impedir a dilatação adequada dos vasos sanguíneos – o que é necessário para o fluxo sanguíneo regular – levando potencialmente à aterosclerose (um estreitamento dos vasos sanguíneos).
Isso consequentemente aumenta o risco de doenças cardíacas e derrames ao longo do tempo.
Detalhes do estudo
Para conduzir o estudo, os pesquisadores designaram aleatoriamente 280 adultos para uma de quatro tarefas emocionais por um período de oito minutos:
- relembrar uma memória pessoal que os deixou com raiva;
- relembrar uma memória pessoal que desencadeou ansiedade;
- ler uma série de frases deprimentes para evocar tristeza;
- ou contar repetidamente até 100 para induzir um estado emocionalmente neutro.
Os pesquisadores examinaram as células que revestiam os vasos sanguíneos dos participantes antes das tarefas, três minutos depois, 40 minutos depois e 100 minutos depois.
Isso servia para determinar se essas tarefas impactaram a dilatação dos vasos sanguíneos dos participantes, ou resultaram em lesão celular ou redução da capacidade celular.
Eles descobriram que a tarefa emocional que os deixou irritados causou uma dilatação maléfica dos vasos sanguíneos até 40 minutos após a tarefa.
As tarefas que provocaram ansiedade e tristeza, no entanto, não tiveram impacto significativo no revestimento dos vasos sanguíneos dos participantes.
Os pesquisadores, no entanto, não entendem bem o processo que fazia a raiva ocasionar em disfunção dos vasos sanguíneos.
Pesquisas anteriores mostraram que a dilatação inadequada dos vasos sanguíneos pode levar à aterosclerose, e sabe-se que a aterosclerose aumenta o risco de ataque cardíaco e AVC.
Evidências crescentes sugerem que a saúde mental e o bem-estar têm um impacto significativo na saúde cardiovascular.
E este estudo reforça a noção de que estados emocionais negativos podem aumentar o risco de eventos cardiovasculares.
O que acontece no cérebro quando estamos com raiva?
A raiva mexe com várias regiões do cérebro. Uma das principais é o córtex pré-frontal, que está envolvido no controle emocional e na tomada de decisões.
Quando estamos com raiva, essa região muitas vezes fica menos ativa, o que pode levar a comportamentos impulsivos.
Além disso, o sistema límbico, que inclui estruturas como o hipotálamo e a amígdala, desempenha um papel fundamental na regulação das emoções, incluindo a raiva.
A amígdala, em particular, é frequentemente associada à resposta de luta ou fuga e pode se tornar hiperativa durante estados de raiva.
A liberação de certos neurotransmissores, como a noradrenalina e a dopamina, também pode aumentar durante a raiva, contribuindo para a sensação de intensidade e impulso para agir.
Em suma, a raiva é uma resposta complexa que envolve várias áreas do cérebro e uma interação complexa entre neurotransmissores e circuitos neurais.
Fonte: Catraca Livre