O médico cirurgião do aparelho digestivo, Oscar Ferro, anunciou nesta segunda-feira (9) o encerramento dos procedimentos de transplante de fígado e captação de órgãos no estado de Alagoas, por insuficiência de recursos necessários para manter a equipe técnica que salva vidas de alagoanos e alagoanas como a paciente Denis, sua última transplantada.
Em nota oficial, o chefe de Transplantes de Fígado em Alagoas lamentou a significativa perda que isso representa, não apenas para os pacientes atualmente na fila de espera, mas também para suas famílias e para toda a população alagoana.
Veja um trecho da nota:
“A equipe responsável pelos transplantes de fígado em Alagoas sempre se dedicou incansavelmente à missão de salvar vidas e oferecer esperança aos pacientes em suas circunstâncias mais críticas. Entretanto, a ausência dos recursos necessários para manter este serviço essencial nos força a tomar esta dolorosa decisão.
Neste momento difícil, nossa solidariedade e pensamentos estão com aqueles que estão na fila de espera e suas famílias.
Juntos, esperamos que em breve possamos restaurar a esperança e a oportunidade de uma vida saudável para aqueles que tanto necessitam”.
Contramão
O retrocesso foi lamentado por cidadãos e profissionais que enfrentam caos e paralisação de projetos na saúde pública, até com registro de abandono de pacientes com câncer, desde o início do segundo mandato do governador Paulo Dantas (MDB) e e do terceiro governo do presidente Lula (PT).
“Isso é um retrocesso para os Alagoanos, estamos andando na contramão. Alagoas hoje dispõe de profissionais capacitados, prontos para servir a população com um serviço de grande importância. É a destruição de um sonho e da esperança das pessoas que necessitam do transplante e que não podem se deslocar para outros estados, e também uma tristeza para as famílias que ficam impossibilitadas de assistirem seus entes queridos. É realmente lamentável que o Estado e a Secretaria de saúde tenham permitido chegar a esse ponto que chegou”, criticou Edilene Galvão.
A cirurgiã oncológica Amanda Lira Leite recebeu com tristeza a noticia, detalhando a infraestrutura necessária para o funcionamento do programa: “Muito triste, o Estado não priorizando um trabalho bonito e que salvou várias vidas até então! Existe uma equipe dedicada por trás que precisa ter recursos para gerir. São várias consultas, várias medicações, diárias de uti, materiais cirúrgicos, equipe disposta a qualquer momento, ao longo das madrugadas. Lamentável!”, destacou.
A cirurgiã cardíaca Rafaela Sales lamentou a falta de recursos e priorização em um tema tão importante para a população alagoana. E citou que o programa de transplante cardíaco em Alagoas também vem sofrendo, há tempos, o mesmo problema, tendo como consequência paralisação.
O cirurgião-geral André Seabra demonstrou apoio à decisão do chefe dos transplantes de fígado em Alagoas: “Oscar, espero que sua decisão, certamente bem pensada e ponderada, provoque a reação necessária nos responsáveis pela gestão do SUS em Alagoas. O Brasil tem um programa de transplantes quase 100% financiado pelo SUS, de modo que a responsabilidade é estatal. Rogo que você chame a atenção para o que é necessário”, concluiu.
Responsáveis
O Diário do Poder solicitou posicionamento da Secretaria de Saúde de Alagoas sobre o problema. E recebeu a seguinte nota:
“A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) esclarece que a contratualização para realização de transplantes em todos os estados brasileiros é realizada pelo Ministério da Saúde (MS) e, no caso de Alagoas, a Santa Casa de Maceió foi habilitada para essa missão, comprometendo-se a executar o procedimento e apresentar uma equipe transplantadora exclusiva. Entretanto, no sentido de assegurar que a decisão da equipe de transplante, de suspender o serviço, não prejudique os alagoanos que estão na fila de espera, a Sesau irá se unir à unidade transplantadora na busca de soluções que resolvam o impasse”