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O fígado é um dos órgãos mais resilientes do corpo, capaz de se regenerar e executar centenas de funções vitais. No entanto, essa resiliência pode mascarar os danos causados por hábitos de vida modernos, especialmente os alimentares. É crucial e inegociável afirmar desde o início: as doenças hepáticas, como a esteatose (fígado gorduroso), são condições médicas sérias que exigem diagnóstico e acompanhamento profissional.
Muitas vezes, o dano hepático ocorre de forma silenciosa, sem sintomas óbvios até que a condição esteja avançada. Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em ciência, quais são os principais grupos de alimentos que, quando consumidos em excesso, podem sobrecarregar e prejudicar a saúde do seu fígado sem que você perceba.
Por que o açúcar, especialmente a frutose, é o principal vilão?
O consumo excessivo de açúcares adicionados é considerado pela ciência como o principal fator dietético por trás da epidemia de Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA). A frutose, encontrada em altas quantidades no xarope de milho (presente em refrigerantes e ultraprocessados) e no açúcar de mesa, é particularmente problemática.
Diferente da glicose, que pode ser usada por quase todas as células do corpo, a frutose em excesso é metabolizada quase exclusivamente no fígado. Quando o fígado é inundado com mais frutose do que ele consegue usar ou armazenar como glicogênio, ele não tem outra opção a não ser converter esse excesso em gordura, através de um processo chamado lipogênese de novo. Esse processo é o gatilho direto para o acúmulo de gordura nas células hepáticas.
Como os carboidratos refinados contribuem para o “fígado gorduroso”?
Alimentos feitos com farinhas brancas e refinadas — como pão branco, massas, bolos e biscoitos — agem de forma semelhante ao açúcar no corpo. Eles são digeridos muito rapidamente, causando picos acentuados de glicose no sangue e, consequentemente, grandes liberações de insulina.
A insulina é um hormônio de armazenamento. Níveis cronicamente elevados de insulina sinalizam ao corpo para parar de queimar gordura e começar a armazená-la. Conforme aponta a Harvard Health Publishing, a resistência à insulina e a DHGNA andam de mãos dadas, criando um ciclo vicioso em que a gordura no fígado piora a resistência à insulina, que por sua vez promove mais acúmulo de gordura.
As gorduras são todas iguais para a saúde do fígado?
Não. A qualidade da gordura na dieta tem um impacto significativo. As gorduras trans, encontradas em muitos alimentos ultraprocessados, frituras e margarinas antigas, são as mais prejudiciais, pois promovem a inflamação e o acúmulo de gordura no fígado. O consumo elevado de gorduras saturadas, presentes em carnes gordas e laticínios integrais, também pode contribuir para a DHGNA.
Quais são os principais alimentos e ingredientes de risco?
Com base nos mecanismos descritos, os principais culpados pelo dano hepático silencioso são componentes centrais da dieta ocidental moderna.
Bebidas açucaradas
Refrigerantes, sucos industrializados e energéticos são a principal fonte de frutose líquida, sobrecarregando o fígado de forma direta e intensa.
Alimentos ultraprocessados e fast-food
São tipicamente ricos em uma combinação prejudicial de açúcar, farinhas refinadas, gorduras de baixa qualidade e excesso de sódio.
Farinhas brancas e carboidratos refinados
Pão branco, arroz branco, massas e produtos de confeitaria causam picos de insulina que promovem o armazenamento de gordura.
Frituras e gorduras trans
Além de serem ricas em calorias, as gorduras trans e os produtos finais da fritura promovem a inflamação e o estresse oxidativo no fígado.
Como proteger a saúde do fígado de forma eficaz?
A prevenção e o manejo da doença hepática gordurosa baseiam-se em pilares de estilo de vida que removem a sobrecarga do fígado e permitem que ele se recupere.
- Manter um Peso Saudável: A perda de peso, mesmo que modesta (5% a 10%), é a intervenção mais eficaz para reduzir a gordura no fígado.
- Adotar uma Dieta de Alimentos Integrais: Focar em um padrão alimentar rico em vegetais, frutas, fibras, proteínas magras e gorduras saudáveis.
- Praticar Exercícios Físicos Regularmente: A atividade física melhora a sensibilidade à insulina e ajuda o corpo a usar o açúcar como energia.
- Evitar o Álcool: Para quem já tem gordura no fígado, o álcool pode acelerar drasticamente o dano e a inflamação.
A saúde do fígado é silenciosa, mas vital. A única maneira de avaliar sua condição é através de exames solicitados por um médico. Se você tem fatores de risco como sobrepeso, diabetes ou uma dieta rica em ultraprocessados, uma consulta com um gastroenterologista ou hepatologista e a orientação de um nutricionista são indispensáveis.
Fonte: CB RADAR
Fonte: Diário Do Brasil
