Pesquisadores descobriram como cérebro age em casos de traumatismo craniano e pancadas, podendo reverter amnésia em ratos

Traumatismos cranianos decorrentes de acidentes ou pancadas recorrentes na cabeça são alguns dos fatores de risco para doenças degenerativas e amnésia. Essas são as condições em que atletas, como jogadores de futebol e de futebol americano, estão sujeitos. Agora, um novo estudo testou em ratos a capacidade de alterar as células do cérebro para recuperarem memórias perdidas, possivelmente revertendo casos de amnésia no futuro.

Como funciona a amnésia

Segundo o IFLScience, uma equipe do Centro Médico da Universidade de Georgetown já havia descoberto como a amnésia age no cérebro. O órgão tem um mecanismo adaptativo que altera a forma como as sinapses funcionam em casos de traumatismo craniano.

No entanto, não é necessário um ferimento grave para isso acontecer. Pancadas recorrentes, como acontece com atletas em esportes com bola, também estão sujeitas às sequelas. O novo estudo (do Centro Médico em colaboração com o Trinity College Dublin) lembrou que jogadores de futebol americano universitário recebem em média 21 impactos na cabeça por semana. O número aumenta para 41 em lances defensivos.

Com a recorrência, isso pode dificultar a formação de novas memórias ou a lembrança de antigas.

(Imagem: 13_Phunkod/Shutterstock)

Como resolver o problema

Pensando nisso, eles encontraram uma forma de fazer um grupo de ratos se lembrar de algo que haviam se esquecido depois de um ferimento leve na cabeça. O objetivo é entender o impacto dessas pancadas leves, mas recorrentes, no funcionamento do cérebro.

Para isso, eles seguiram alguns passos:

  • Primeiro, dividiram os ratos em dois grupos. Ambos foram submetidos repetidamente a uma situação que os causaria medo. Eles memorizaram a resposta ao medo.
  • Além disso, os ratos foram geneticamente modificados para que os cientistas pudessem visualizar os neurônios envolvidos na formação das novas memórias no cérebro, algo conhecido como “engrama de memória”. O engrama, na verdade, é uma rede de neurônios responsáveis pela memória recuperável.
  • Então, o primeiro grupo foi exposto a múltiplos impactos leves na cabeça ao longo de uma semana, como aconteceria na vida real de um atleta. O segundo grupo não teve nenhum ferimento.
  • Depois de uma semana, os ratos submetidos às pancadas já não conseguiam mais se lembrar do medo que haviam aprendido. Isso porque, mesmo que o engrama de memória estivesse intacto, eles não conseguiam mais ativá-lo. O segundo grupo conseguiu ativá-lo.

Após descobrirem de onde vem a amnésia, os cientistas reativaram as células do engrama manualmente nos ratos feridos. Para isso, usaram lasers direcionados.

Amnésia em humanos

A técnica funcionou. Na teoria, seria possível replicá-la em humanos, mas, na prática, é muito invasiva.

Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Bruno Ignacio de Lima

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Amnésia após acidentes pode ser reversível, diz estudo
Foto: SvetaZi/Shutterstock