Um antidepressivo chamado vortioxetina mostra potencial promissor no tratamento de glioblastoma, um tipo agressivo de câncer cerebral

ressonância magnética do cérebro mostra tumor
(Imagem: Tonpor Kasa / iStock)

Um antidepressivo demonstrou promissor potencial no combate ao glioblastoma, um tipo agressivo e fatal de câncer cerebral. Estudos recentes realizados no ETH Zurich e no Hospital Universitário de Zurique, na Suíça, revelaram que o vortioxetina, um antidepressivo já aprovado por órgãos como a FDA nos Estados Unidos, a Swissmedic na Suíça e a Anvisa no Brasil, pode ser eficaz contra as células tumorais.

O glioblastoma é um tumor cerebral particularmente agressivo e, atualmente, incurável. Apesar dos esforços para estender a vida dos pacientes através de cirurgias, radioterapia e quimioterapia, a maioria dos pacientes não sobrevive mais de um ano após o diagnóstico. Os tratamentos são limitados devido à dificuldade dos medicamentos em atravessar a barreira hematoencefálica e alcançar o cérebro.

homem com medicamentos na mão
Antidepressivo pode auxiliar no tratamento de um câncer incurável. (Imagem: Prostock-Studio / iStock)

Avanços na pesquisa com antidepressivos para tratamento do glioblastoma

  • A equipe liderada pelo Professor Berend Snijder do ETH Zurich fez uma descoberta significativa usando a plataforma de farmacoscopia desenvolvida pela instituição.
  • Esta tecnologia permite testar simultaneamente centenas de substâncias ativas em tecidos cancerígenos humanos.
  • O estudo focou em substâncias neuroativas, como antidepressivos, medicamentos para Parkinson e antipsicóticos, testando um total de 130 agentes em tecidos de tumor de 40 pacientes.

Eficácia surpreendente do vortioxetina

Entre os antidepressivos testados, o vortioxetina se destacou por sua eficácia contra as células tumorais. O medicamento demonstrou não apenas atravessar a barreira hematoencefálica, mas também induzir uma cascata de sinalização importante para células progenitoras neuronais e suprimir a divisão celular dos tumores.

Esses resultados foram confirmados em testes com modelos de camundongos com glioblastoma, mostrando boa eficácia, especialmente em combinação com o tratamento padrão atual.

Próximos passos e cuidados necessários

Atualmente, os pesquisadores estão preparando dois ensaios clínicos. O primeiro testará o vortioxetina como adjuvante ao tratamento padrão (cirurgia, quimioterapia, radiação), enquanto o segundo permitirá uma seleção personalizada de medicamentos para cada paciente, baseada na plataforma de farmacoscopia.

O vortioxetina, sendo um medicamento amplamente disponível e de baixo custo, representa uma potencial adição ao tratamento do glioblastoma. No entanto, os especialistas, como o Professor Michael Weller, alertaram contra o uso não supervisionado do medicamento. A eficácia em humanos e as dosagens apropriadas ainda precisam ser confirmadas em ensaios clínicos.

fita cinza que simboliza mês de conscientização do câncer cerebral
Glioblastoma é, atualmente, um câncer incurável. (Imagem: jittawit.21 / iStock)

O Professor Snijder enfatizou ao EurekAlert! que, apesar dos resultados promissores, o vortioxetina ainda precisa ser testado em pacientes. “Até agora, ele só foi comprovado eficaz em culturas celulares e em camundongos.”

Se os ensaios clínicos confirmarem a eficácia do medicamento, isso representará um avanço significativo no tratamento do glioblastoma, oferecendo uma nova esperança para os pacientes afetados por esse câncer devastador.

O que é farmacoscopia?

Farmacoscopia é o estudo da aparência e das características físicas de substâncias medicinais, com o objetivo de identificar e avaliar sua qualidade. Esse campo envolve a análise visual de medicamentos, plantas medicinais e outros compostos utilizados na farmacologia, levando em consideração aspectos como cor, forma, textura e odor. A farmacoscopia é uma ferramenta importante para garantir que os produtos atendam aos padrões de qualidade e pureza exigidos para uso terapêutico.

Por Ana Luiza Figueiredo
Fonte: Olhar Digital

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Antidepressivo mostra potencial no tratamento de câncer incurável. É o que revelam estudos recentes realizados no ETH e Hospital Universitário de Zurique, na Suíça