
Pacientes vindos dos Estados Unidos, Europa, Oriente Médio e África já não buscam apenas preços competitivos ou a fama de excelência dos cirurgiões brasileiros. Elas procuram algo mais sofisticado: um contorno corporal que dialogue com a estrutura que possuem, e não com um ideal padronizado. É nesse movimento que o Brasil tem se destacado internacionalmente, ao oferecer um olhar técnico que valoriza diferenças de pele, distribuição de gordura e comportamento cicatricial. “A anatomia não é universal, e a cirurgia também não deveria ser”, afirma a cirurgiã plástica Ana Penha Ofranti (CRM SP 203.497, RQE 127.618), integrante do corpo clínico da Revion International Clinic, que será inaugurada em São Paulo com foco em pacientes do exterior.
A médica observa que as estrangeiras chegam com biotipos que exigem estratégias distintas. Mulheres negras africanas frequentemente apresentam pele mais espessa e retração cutânea intensa, o que favorece resultados firmes após a lipoaspiração, mas exige cuidado adicional para evitar pigmentação pós-inflamatória e cicatrizes exuberantes. Pacientes europeias, por outro lado, costumam ter tecido subcutâneo mais fino e menor densidade de gordura, o que demanda técnicas mais delicadas e retirada moderada para evitar irregularidades. Já mulheres asiáticas frequentemente apresentam elasticidade elevada e pouca gordura localizada, o que obriga o cirurgião a usar cânulas mais discretas e a trabalhar volumes menores. As pacientes latino-americanas ou miscigenadas trazem combinações únicas, que podem incluir quadris naturalmente projetados, flancos marcados ou tronco mais compacto, o que altera a lógica de desenho da cintura e do dorso.

Segundo a Dra. Ana Penha, esse cruzamento de etnias e morfologias tornou o planejamento pré-operatório o verdadeiro centro da cirurgia corporal contemporânea. Ela explica que cada caso exige medir a espessura da pele, avaliar o comportamento do colágeno, a tendência de fibrose, a forma da pelve e a maneira como a gordura se deposita. Só então se discute volume e desenho. O objetivo não é transformar corpos diferentes em versões idênticas de um mesmo ideal estético, mas aprimorar o que cada corpo já traz de origem. “O melhor resultado não é o mais parecido com uma referência da internet. É o mais coerente com a estrutura da paciente”, afirma.
A lógica se reforça no momento em que o Brasil recebe cerca de 140 mil estrangeiros por ano interessados em procedimentos corporais. A estética brasileira, famosa pela naturalidade e pelo domínio do contorno, atrai pacientes que desejam curvas equilibradas, cinturas definidas e glúteos proporcionais, mas sem perder sua identidade física. O país se tornou referência por unir técnica avançada e leitura cultural, algo que não se reproduz com facilidade em centros internacionais onde prevalece um padrão corporal único.
