Novas evidências científicas indicam a existência de uma ligação entre as ondas de calor, cada vez mais frequentes, e o risco elevado de nascimentos prematuros. A pesquisa em questão analisou dados de 53 milhões de mulheres grávidas durante 25 anos nos Estados Unidos e descobriu que, à medida que a temperatura das regiões estudadas aumentava, o número de bebês nascidos antes do tempo também crescia.

O estudo foi publicado na revista JAMA Network Open.

O calor extremo aumentou o risco de nascimentos prematuros

  • Desde a década de 60, os Estados Unidos têm enfrentado ondas de calor 24% mais intensas e duas vezes mais frequentes.
  • Para entender como as altas temperaturas estão afetando os nascimentos de bebês, os pesquisadores analisaram registros das 50 áreas mais populosas do país de 1993 a 2017.
  • As taxas diárias de nascimento prematuro nesse período cresceram à medida que a temperatura aumentava, principalmente entre a população mais pobre.
  • Essa associação se fortaleceu à medida que as ondas de calor se prolongavam ao longo do tempo.
  • Independente de a região ser mais fria ou seca, o impacto gestacional é semelhante.
  • Embora não possa explicar uma causa, a pesquisa é a maior até o momento sobre o assunto e certamente indica um cenário onde o calor extremo afeta os nascimentos.
  • É importante lembrar que certas condições, como ter acesso a ar-condicionado, evitar trabalhos físicos no calor e condições de saúde pré-existentes, podem influenciar esses resultados.

O impacto da exposição prolongada ao calor

As épocas mais quentes do ano não são as únicas a afetarem a gravidez. Longos períodos de temperaturas acima da média também podem causar danos. Um estudo de 2020 revelou que o calor acumulado durante toda a gestação também aumenta o risco de partos prematuros.PUBLICIDADE

O impacto não se limita às grávidas. Pesquisas anteriores já ligaram ondas de calor prolongadas ao aumento de internações, suicídios e mortes. Durante o verão europeu de 2022, cerca de 62 mil pessoas faleceram por causas relacionadas ao calor. Espera-se que até 2080, grandes cidades dos EUA e da Austrália registrem quatro vezes mais mortes devido ao aumento das temperaturas.

Por que investigar os efeitos do calor nos nascimentos?

Segundo a equipe de pesquisa, compreender como o calor extremo afeta a gravidez e os nascimentos prematuros permite uma melhor preparação por parte das autoridades de saúde, decisores políticos e médicos para lidar com a situação. Isso ajuda a identificar quem é mais vulnerável ao calor e como podem ser protegidos.

A ligação cada vez mais clara entre as ondas de calor e os danos causados às grávidas e aos bebês proporciona um impulso importante para abordar as causas profundas da nossa crescente exposição às ondas de calor e investir em estratégias adaptativas para reduzir os seus efeitos à escala das cidades, bairros e casas individuaisTrecho da pesquisa

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Calor extremo pode colocar o nascimento de bebês em risco