Cientistas conseguiram romper estrutura protetora do tumor (Imagem: mi-viri/iStock)

Um mecanismo de ataque contra uma das formas de câncer de fígado foi descoberto por pesquisadores do Instituto de Ciência de Tóquio, no Japão, e traz uma nova esperança de tratamento do carcinoma hepatocelular (CHC) — o tipo mais comum e fatal.

A pesquisa focou em uma variante particularmente agressiva, caracterizada por tumores que formam grandes “camadas” ao redor dos vasos sanguíneos. Esse encapsulamento não apenas promove o crescimento do tumor, mas também é imunossupressor e resistente aos tratamentos padrão.

Agora, no entanto, cientistas conseguem romper a estrutura protetora do tumor, permitindo que as células imunológicas se infiltrem e ataquem o câncer. Os resultados foram publicados na revista Hepatology.

Sequenciamento de RNA ajudou a identificar padrões anormais nas células (Imagem: Shidlovski/iStock)

“Utilizando a análise integrada de conjuntos de dados de sequenciamento de RNA em larga escala e de células individuais, refinamos a classificação molecular e imunológica do câncer de fígado. Utilizando essas descobertas, desenvolvemos um modelo murino singênico de CHC agressivo, que exibiu alta capacidade mitótica, tumorigênica e metastática, contribuindo para a evasão imunológica”, explica Shinji Tanaka, que liderou o estudo.

Desvendando o câncer

  • Antes de sugerir qualquer tratamento, os pesquisadores precisavam compreender os motivos por trás da formação do câncer e da estrutura que o protege. Foi o sequenciamento de RNA que ajudou a identificar padrões anormais nas células;
  • Os cientistas analisaram mais de 228.000 células individuais usando sequenciamento de RNA de célula única e combinaram isso com dados de 691 amostras de tumores de CHC;
  • Eles descobriram que o subtipo agressivo de CHC, classificado como subtipo molecular 1 (MS1), era caracterizado por uma combinação de células em rápida divisão, com metabolismo de glicose ou síntese de gordura elevados;
  • Esse subtipo é caracterizado por mutações no gene TP53, sinalização MYC hiperativa e menor número de células T, fatores que tornam o câncer mais agressivo e mais difícil de tratar.
Mutações no gene TP53 tornam o tumor mais agressivo (Imagem: catalinr/iStock)

“O gene TP53 codifica a proteína supressora de tumor (p53), que previne o câncer, mas mutações desativam essa função. O MYC é um oncogene que impulsiona o crescimento celular e a progressão do tumor, enquanto o baixo número de células T enfraquece a capacidade do sistema imunológico de combater o tumor”, explica um comunicado.

Em busca de um tratamento

A partir daí, os pesquisadores começaram a avaliar terapias que pudessem limitar a atuação desse conjunto de características a partir de um modelo experimental de CHC.

Nova estratégia terapêutica pode ser eficaz (Imagem: peakSTOCK/iStock)

Eles injetaram em camundongos células de câncer de fígado sem o gene Trp53 e superexpressando MYC, semelhantes ao subtipo MS1. Depois, usaram um inibidor de crescimento (angiogênese) e um anticorpo anti-PD-1 (inibidor do ponto de controle imunológico).

A combinação resultou no bloqueio da formação de novos vasos sanguíneos e na reativação de células T, permitindo que atacassem as células cancerosas. “A terapia resultou em redução significativa do tumor, sugerindo que essa nova estratégia terapêutica pode ser eficaz”, diz Tanaka.

Fonte: Olhar Digital

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Câncer de fígado: nova esperança de terapia vem do Japão