Como o câncer se desenvolve? A partir dessa questão, pesquisadores da Washington University School of Medicine in St. Louis conduziram uma análise aprofundada, transformada em um conjunto de artigos publicados nas revistas científicas Cell e Cancer Cell.
O estudo se concentrou nas proteínas que causam o câncer em vários tipos de tumor, e a ideia dos pesquisadores é que as descobertas possam ajudar a desencadear novas terapias que bloqueiem proteínas-chave responsáveis por impulsionar o crescimento da doença.
“Em nossos esforços para desenvolver melhores terapias contra o câncer, esta nova análise das proteínas que impulsionam o crescimento do tumor é o próximo passo após o sequenciamento do genoma do câncer”, apontam os pesquisadores, no comunicado divulgado pela própria universidade.
Genes que provocam o câncer
O grupo conta que, através de um trabalho anterior de sequenciação dos genomas das células cancerígenas, foi possível identificar quase 300 genes que conduzem ao câncer. “Agora, estudamos os detalhes destes genes cancerígenos, as proteínas e as suas redes reguladoras que realmente fazem o trabalho de causar a divisão celular descontrolada. Esperamos que a análise sirva como um recurso importante para os investigadores do câncer que procuram desenvolver novos tratamentos para muitos tipos de tumores”, completam.
Para o estudo em questão, os pesquisadores analisaram cerca de 10 mil proteínas. A análise incluiu dois tipos diferentes de câncer de pulmão, bem como câncer colorretal, de ovário, de rim, de cabeça e pescoço, de útero, de pâncreas, de mama e de cérebro.
“Quando analisamos muitos tipos de câncer em conjunto, aumentamos o poder que temos para detectar proteínas importantes que causam o crescimento e a propagação da doença. Uma análise combinada também permite identificar os principais mecanismos comuns que conduzem ao câncer em todos os tipos”, dissertam os autores.
Proteínas responsáveis pelo câncer
Os pesquisadores apontam que, se os níveis de duas proteínas se correlacionarem entre si, pode ser um indício que as duas proteínas atuam como parceiras. Assim, interromper a interação pode ser uma forma promissora de bloquear o crescimento do tumor.
Os estudos também revelaram diferentes formas pelas quais as proteínas podem ser alteradas quimicamente para mudar a sua função, e esclareceram a eficácia das imunoterapias, que geralmente funcionam melhor em cânceres com muitas mutações, mas, mesmo assim, não funcionam para todos os pacientes.
Na prática, os cientistas descobriram que um grande número de mutações nem sempre resulta em uma abundância de proteínas anormais, que é o alvo do sistema imunológico quando ataca um tumor. Isso pode ajudar a explicar por que alguns pacientes não respondem à imunoterapia, mesmo quando parece que deveriam.
Os tipos de câncer mais comuns
O câncer representa um conjunto de mais de 100 doenças diferentes que acarretam no crescimento descontrolado de células, na invasão de tecidos e na formação de tumores. Os tipos de câncer mais comuns no Brasil são: tireoide, esôfago, sistema nervoso central, boca, colo de útero, estômago, mama, próstata, pulmão e pele.
Fonte: Washington University, Inca
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela