Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela
A busca por entendimento sobre como nosso organismo transforma o que comemos em combustível para o corpo motivou um estudo publicado na revista Science Advances. Na ocasião, os pesquisadores analisaram átomos de carbono específicos em aminoácidos para descobrir “impressões digitais” distintas do metabolismo.
Conforme esclarece o estudo, essas tais impressões revelam como o corpo satisfaz as exigências de sobrevivência, crescimento e reprodução. A nova técnica envolve a análise de isótopos (versões do mesmo elemento químico com massas diferentes) dentro de aminoácidos, justamente para ver como o metabolismo está funcionando.
Os cientistas envolvidos explicam que o método permite medir isótopos em um átomo de carbono específico em cada aminoácido, o que seria como ver cada pixel da imagem da TV, trazendo informações metabólicas bem detalhadas.
O estudo se desdobrou através de testes com vários animais, como ostras, vieiras, camarões, lulas e peixes. Dessa maneira, os pesquisadores descobriram quatro fases distintas do metabolismo: criação de gorduras, destruição de gorduras, criação de proteínas e destruição de proteínas.
Basicamente, segundo o grupo, os animais combinam essas fases de maneiras distintas para realizar o crescimento e a reprodução.
Descobertas sobre o metabolismo
O estudo levou à descoberta de que os mamíferos adultos utilizam as gorduras como despensa para regular a sua temperatura, enquanto os camarões adultos canibalizam as suas próprias proteínas para produzir as gorduras de que necessitam para a reprodução.
Além disso, o grupo revela que os humanos integrantes do estudo apresentavam um metabolismo muito equilibrado e em estado estacionário, por conta de dietas que já seguiam, estáveis e nutritivas.
A ideia dos pesquisadores é usar essas descobertas para conduzir estudos futuros e elevar o nível das aplicações, incluindo estudos de grupos com metabolismo anormal por conta de fatores como câncer e obesidade.
“Ao examinar profundamente os isótopos dos aminoácidos, seremos capazes de compreender o metabolismo dos eucariotos como nunca antes, em animais, plantas e fungos”, garantem os cientistas.
Estudos ajudam a desvendar a fome
Em paralelo, um estudo de 2021 respondeu por que algumas pessoas sentem fome o tempo todo: os pesquisadores perceberam, na ocasião, que pessoas que experimentam grandes quedas nos níveis de glicose (açúcar) no sangue, várias horas após comer, acabam sentindo fome e consumindo centenas de calorias a mais durante o dia do que outras.
Além disso, mutações genéticas raras levam pessoas a estarem sempre com fome. Pelo menos, é o que diz um estudo publicado neste ano. Essas variantes interferem na leptina, um hormônio que ajuda a dizer ao corpo quando está satisfeito.
É apenas um dos motivos que ressalta a importância de desvendar o metabolismo e entender como o corpo transforma alimentos em energia.
Fonte: Science Advances, The Conversation