O “kush” é uma mistura de cannabis, fentanil, tramadol e formaldeído; pelo menos 10 pessoas morrem por semana e milhares são hospitalizadas
Ruas da região central da cidade tomadas por usuários de drogas. Pessoas das mais diferentes idades caminhando lentamente como se fossem zumbis, umas coladas nas outras. Algumas usam um cobertor, ou um farrapo nas costas. Elas carregam alguma droga na mão.
Esse relato poderia tranquilamente se referir à Cracolândia de São Paulo. Ou a Cracolândia de Maceió. Ou de qualquer outra grande cidade brasileira. Mas não. Esse relato diz respeito a Freetown, capital de Serra Leoa, na África Ocidental.
O país sofre com uma nova droga chamada “kush”. Segundo informa o jornal britânico The Telegraph, pelo menos 10 pessoas morrem por semana em decorrência do uso desse composto e centenas de pessoas são hospitalizadas todos os dias.
O kush é consumido principalmente por homens entre 18 e 25 anos e faz com que as pessoas entrem em um estado extremo de relaxamento. Mas é um relaxamento ruim, uma vez que transforma os dependentes em “zumbis”. O efeito é tão forte que os usuários chegam a adormecer enquanto caminham, caem e batem a cabeça, levando às hospitalizações.
Do que é feito o kush
- É uma mistura de cannabis (planta da maconha), fentanil, tramadol e formaldeído.
- Alguns rumores locais ainda sugerem que a droga levaria ainda ossos humanos triturados.
- O fentanil e o tramadol são opioides, por isso o efeito de relaxamento extremo e sono, levando até à perda da consciência.
- Já o formaldeído, ou formol, é um gás que pode causar alucinações.
- Essas polidrogas, que são feitas a base de várias misturas, costumam se tornar uma epidemia porque são muito baratas.
- No caso do kush, um cigarro custa apenas 5 leones, algo em torno de R$ 1,30.
- Alguns dependentes químicos fumam dezenas desses cigarros por dia.
- O crack é parecido, um composto feito a base de cocaína, mas que é misturado com bicarbonato de sódio.
- A pedra é barata (menos de R$ 10) porque a quantidade de cocaína usada é pequena.
Problema de saúde ou de segurança?
O debate que existe aqui também existe lá. E, nesse caso, as respostas simples são as erradas.
Sim, é verdade que é um problema de Segurança Pública. Os usuários ocupam as vias e, para sustentar o vício, acabam roubando, furtando ou se prostituindo nas ruas.
Mas também é um problema de saúde. São pessoas e o estado não pode simplesmente abandoná-las, trancá-las em um lugar ou deixar com que morram.
É importante também destacar que se trata de uma questão social. Em Serra Leoa, por exemplo, as drogas baratas proporcionam uma fuga ao desemprego alto no país, à extrema pobreza, ao abuso sexual e físico e ao efeito, em alguns casos, especialmente na África Ocidental, de ter sido uma criança-soldado.
Ou seja, é necessária uma ação integrada de várias áreas. Do poder público, mas também da sociedade civil. Entender que o problema de alguns pode refletir na vida de todos.
As informações são do Science Alert.
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi