Muita gente associa lesão esportiva à fratura e lesões ligamentares, mas esquecem que o músculo também se machuca. Aliás, a saúde do muscular é fundamental na vida do atleta, pois um músculo fraco pode acarretar diversos tipos de lesões, das mais leves até as crônicas, podendo até impossibilitar a prática do esporte.
O ortopedista e médico da Seleção Brasileira de Basquete Feminino, Paulo Roberto Szeles, simplifica a classificação das lesões musculares para um linguajar mais cotidiano (usado por atletas) e fala sobre os tipos:
Contusão: muito conhecida no Futebol, a contusão é quando há um choque, uma “batida”, contra o músculo, mas sem ferimentos, como cortes. É comum em esportes coletivos, onde o corpo a corpo aumenta as chances de lesão. A gravidade varia de acordo com a situação que levou à lesão, a intensidade do trauma e o tratamento vai depender de todo o histórico do atleta;
Estiramento: é a lesão muscular mais comum e mais leve. É caracterizada pelo excesso de alongamento das fibras musculares. Em outras palavras, é como se esticasse demais as fibras, machucando-as. Geralmente, isso acontece por excesso de carga nos treinos e o desconforto pode ser sentido no pós-treino. Nesses casos, poucos dias de repouso e reabilitação já são suficientes para a melhora;
Distensão: é um grau acima do estiramento, quando as fibras são esticadas ainda mais e se rompem de forma parcial. A dor é mais intensa, o músculo fica fraco e a região pode inchar e ficar roxa. Mais uma vez, o grande responsável pela lesão é o excesso de carga em um músculo que não está forte o suficiente. É muito comum nos famosos atletas de finais de semana, que acabam exageram um pouco mais nas atividades e não têm o fortalecimento ideal;
Ruptura: sem dúvida nenhuma, é a lesão muscular mais grave. Diferente da distensão que rompe parcialmente as fibras musculares, nesse tipo de lesão, a ruptura é grande ou até de espessura total. A dor é muito mais intensa e a limitação geralmente é imediata. O afastamento das atividades esportivas pode ser prolongado e eventualmente até mesmo o tratamento cirúrgico pode ser considerado em lesões específicas.
A lesão muscular é muito mais comum do que se imagina e, na grande maioria dos casos, acontece por excesso, controle inadequado da carga de treino. Por isso, é importante que todo atleta tenha um acompanhamento com profissionais da saúde para saber seus limites e treinar de forma segura.
“Treinar pesado só será um problema se você não estiver preparado para isso! Vale ressaltar ainda que lesão prévia é um dos fatores de risco mais associados à ocorrência de lesões musculares. Portanto, o melhor remédio é sempre a prevenção”, afirma o médico.
Paulo Roberto Szeles é médico com título de especialista em Medicina Esportiva e em Ortopedia e Traumatologia. Pós Graduado em Traumatologia do Esporte e Fisiologia do exercício pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), onde também fez Mestrado em Medicina Esportiva com foco em lesões de CrossFit. Atualmente é médico da Seleção Brasileira de Basquete Feminino e de alguns atletas olímpicos de Ginástica, como Caio Souza, e coordena a Residência Médica em Medicina Esportiva da UNIFESP. Já atuou como médico em grandes eventos Esportivos, como Copa do Mundo do Brasil (2014), Jogos Olímpicos Rio 2016, Copa América de Futebol (2019) e Basquete (2009 e 2017), Campeonato Mundial de Basquete (2009 e 2010).