Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Os registros de um tipo de acidente vascular cerebral (AVC), a hemorragia subaracnóide, aumentaram, principalmente, em homens negros acima de 65 anos, segundo um estudo que acaba de ser publicado na “Neurology”. O trabalho avaliou dados de quase 40 mil pacientes americanos hospitalizados na Flórida e em Nova York entre 2007 e 2017, além de ter comparado os casos entre homens e mulheres, por faixa etária e etnia.
Esse tipo de AVC ocorre principalmente pela ruptura de um aneurisma – quando um vaso se dilata formando uma espécie de bolsa de sangue – localizado entre o cérebro e a membrana que o reveste. Hipertensão e tabagismo estão entre os principais fatores de risco para essa ruptura.
Durante os dez anos de acompanhamento da pesquisa, a incidência média foi de 11 casos por cem mil pessoas. Acima dos 65 anos, esse número duplica. E em negros, sobe para 15. Segundo os autores, eles são mais propensos a desenvolver hipertensão, e em idade mais jovem.
“Sabe-se que eles têm fatores genéticos e socioeconômicos que podem deixá-los mais vulneráveis”, diz a neurologista Polyana Piza, do Hospital Israelita Albert Einstein. O artigo sugere dificuldades de acesso a cuidados e tratamentos que acabam aumentando a chance de um AVC.
“É um estudo coorte, retrospectivo, bem desenhado que como tal se propõe a observar por um período de tempo uma população específica e, a partir dessa observação, analisar possíveis associações. Mesmo mostrando uma realidade de dois estados americanos, é possível extrapolar os dados para nossa realidade”, avalia a especialista.
“O resultado pode ser um reflexo da não prevenção, detecção, tratamento e acompanhamento dos fatores de risco a que o indivíduo é exposto. Precisamos discutir a dificuldade de ter esses fatores monitorados e controlados”, pondera ela.
Baixo risco de ruptura
De modo geral, os aneurismas não rotos, chamados incidentais, apresentam baixo risco de sangramento, em torno de 1%.
Nesse contexto, podem ser apenas acompanhados com o monitoramento dos fatores de risco para sua ruptura e a observação de possíveis mudanças em suas características físicas como, por exemplo, crescimento e irregularidade do seu contorno.
O tratamento invasivo cirúrgico ou endovascular é recomendado principalmente para aqueles aneurismas maiores do que 5 a 7 milímetros. No entanto, quando se rompem, a chance de morte ou de sequelas graves é muito alta.

Fonte: Agência Einstein

Compartilhar matéria no
Cresce número de derrames ligados a aneurisma, aponta estudo com 40 mil pacientes