Pesquisadores finlandeses descobriram que uma doença cerebral oculta pode ser muito mais comum do que se pensava anteriormente. Em um estudo com idosos, a equipe identificou a condição no cérebro de quase dois terços dos participantes.
De acordo com os pesquisadores, a doença chamada encefalopatia TDP-43 (LATE) parece estar rivalizando com o Alzheimer como uma das principais causas de demência.
O que é a LATE?
A ciência reconheceu a LATE recentemente. Ela foi descrita pela primeira vez por cientistas em 2019. Uma das características da doença é o acúmulo anormal de uma proteína chamada TDP-43 em áreas do cérebro cruciais para a memória e o pensamento.
Esse acúmulo de proteína pode levar à morte de células cerebrais e ao declínio cognitivo, muito parecido com as placas e emaranhados da doença de Alzheimer.
Os pesquisadores publicaram os resultados no periódico Brain. O artigo fornece algumas das evidências mais fortes até agora de que o LATE pode ser um grande contribuinte para a demência nos idosos.
Detalhes do estudo
Para o estudo, os cientistas examinaram os cérebros de 295 indivíduos que morreram com mais de 85 anos.
Os resultados foram impressionantes. A equipe encontrou evidências de LATE em 64,1% dos cérebros examinados pelos pesquisadores.
Ainda mais surpreendentemente, LATE pareceu estar independentemente associado à demência, mesmo quando se considera outras alterações cerebrais como aquelas vistas no Alzheimer.
Para colocar isso em perspectiva, imagine uma cidade pequena onde quase dois em cada três moradores com mais de 85 anos andam por aí com uma proteína potencialmente causadora de demência em seus cérebros.
O estudo também esclareceu como o LATE interage com outras condições cerebrais comuns na terceira idade.
Muitos indivíduos mostraram sinais de LATE e doença de Alzheimer, e esses participantes tendiam a ter declínio cognitivo mais grave do que aqueles com qualquer uma das condições sozinhas.
É como se essas duas doenças se juntassem para afetar o cérebro de forma ainda mais significativa.
Outra descoberta no estudo chamou atenção: os pesquisadores observaram que LATE estava fortemente associada a uma condição chamada esclerose hipocampal, onde o hipocampo – uma estrutura crucial para a memória – fica encolhido e com cicatrizes.
Quase todos os indivíduos com esclerose hipocampal também mostraram sinais de LATE, sugerindo uma relação próxima entre essas duas condições. O estudo também explorou potenciais fatores de risco para LATE.
Embora algumas pesquisas anteriores tenham sugerido ligações com pressão alta ou diabetes, este estudo não encontrou fortes conexões com essas ou outras condições de saúde.
No entanto, a equipe identificou duas variantes genéticas que parecem aumentar o risco de desenvolver LATE, abrindo novos caminhos para pesquisas futuras.
Fonte: Catraca Livre
Fonte Diário Brasil Noticias