Maior pesquisa já realizada sobre o tema acompanhou mais de mil usuários de cannabis e descobriu alterações em alguns exames cerebrais.

Uruguai, Canadá, México, Alemanha, Austrália e Espanha. O uso medicinal ou recreativo de cannabis já é legalizado em várias partes do mundo. Diversos estudos científicos apontam para os benefícios do uso dessa planta, sobretudo para epilepsiaParkinson e algumas dores crônicas.

O uso excessivo da maconha, no entanto, pode ser prejudicial para o seu cérebro. Pelo menos é isso que aponta uma nova pesquisa realizada por cientistas de universidades canadenses e americanas.

Trata-se do maior estudo já feito sobre o tema. Os especialistas acompanharam 1.003 usuários da substância – todos com idades entre 22 e 36 anos.

Essas pessoas foram divididas em 3 grupos diferentes: os não usuários, os usuários moderados (que fumaram maconha de 10 a 999 vezes durante a vida) e os usuários pesados (com mais de mil usos da droga).

Exames de ressonância magnética mostraram algumas mudanças nas atividades cerebrais do último grupo. Para ser exato, essas alterações diziam respeito à chamada memória de trabalho.

O uso pesado da substância e a memória

  • A memória de trabalho é uma das funções executivas do nosso cérebro.
  • Entenda como funções executivas habilidades mentais que são essenciais para o nosso dia a dia.
  • Nosso cérebro, por exemplo, deve ser capaz de se concentrar em algo, de se adaptar a diferentes situações e de pensar de forma criativa.
  • Ou ainda deve ter uma boa memória de curto prazo (quando você fica repetindo um número de telefone que acabou de ouvir).
  • A memória de trabalho é aquela que nos ajuda a reter informações importantes sobre determinadas tarefas.
  • Ela é essencial para o raciocínio, a tomada de decisões e o controle do nosso comportamento.
  • E, de acordo com esse estudo recente, o uso pesado de cannabis afeta justamente esse tipo de memória.
  • Os exames mostraram que, em usuários pesados, houve uma atividade menor do que o normal no córtex pré-frontal dorsolateral, no córtex pré-frontal dorsomedial e na ínsula anterior.
  • São áreas do cérebro com alta densidade de receptores CB1, alvos do composto tetrahidrocanabinol (THC), da cannabis.
  • Vale destacar que pesquisas anteriores já sugeriam que o uso recente de maconha poderia estar associado à redução da ativação nessas áreas do cérebro.
  • Esse novo artigo confirma a hipótese e fala também sobre o uso excessivo de longo prazo.
  • Você pode ler a pesquisa na íntegra no JAMA Network Open.

Algumas considerações

Como dissemos lá em cima, alguns países já começaram a flexibilizar suas regras e isso torna os novos estudos ainda mais importantes: para saber como os organismos devem reagir às mudanças.

Mesmo com o estudo, não está claro, por exemplo, quais podem ser os mecanismos por trás dessa associação, ou quão permanentes as mudanças podem ser. Idade e outros fatores de saúde provavelmente também influenciam na conta.

A ciência deve continuar analisando esse assunto. Até para fornecer aos usuários de cannabis e aos profissionais de saúde mais informações para trabalhar.

“À medida que o uso de cannabis continua a crescer globalmente, estudar seus efeitos na saúde humana se tornou cada vez mais importante. Ao fazer isso, podemos fornecer uma compreensão completa dos benefícios e riscos do uso de cannabis, capacitando as pessoas a tomar decisões informadas e compreender completamente as possíveis consequências”, disse um dos autores do artigo, o neurologista Joshua Gowin, da Universidade do Colorado.

As informações são do Science Alert.

Fonte Olhar Digital

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Efeitos da maconha no cérebro revelados em estudo histórico