
Hoje, 18 de outubro, é comemorado oficialmente no Brasil e outros países o Dia dos Médicos. E de hoje até o final do mês a Revista D Marília Notícias vai trazer histórias de uma das profissões mais nobres, junto com dezenas de outras. Como exemllo, a frase de um médico socorrista: “Se Deus nos permitir 1% de chance, talvez consigamos salvar a vida da pessoa”.
Médico e evangelista seguidor de Jesus Cristo deu origem à data
Além do Brasil, a data é comemorada em outros países como Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Polônia e Inglaterra. O dia foi escolhida em homenagem ao nascimento do evangelista Lucas, conhecido como protetor dos médicos. Lucas foi um dos seguidores de Jesus.
Segundo a tradição, escreveu um dos Evangelhos e o livro de Atos dos Apóstolos. Nestes livros, contou muitas histórias de Cristo, inclusive algumas das muitas curas e milagres que presenciou. Lucas estudou medicina em Antioquia (atual Turquia), e foi chamado pelo apóstolo Paulo de “amado médico” na carta aos Colossenses. É considerado patrono dos médicos desde o século XV.

IMAGEM ATUALIZADA DO EVANGELISTA E MÉDICO, LUCAS
Por milênios, a cura pela fé
Durante milênios, o ato de curar foi um ofício guiado pela fé, pela observação e pelos costumes populares. Mas foi somente a partir da Grécia Antiga que a medicina começou a trilhar o caminho que a transformaria em uma ciência — estruturada, investigativa e essencial para o progresso humano.
As raízes da medicina científica no mundo
A história da medicina moderna tem suas bases na Grécia Antiga, com Hipócrates de Cós (460–370 a.C.), conhecido como o “Pai da Medicina”. Ele foi o primeiro a propor que as doenças não eram castigos divinos, mas fenômenos naturais que podiam ser compreendidos e tratados racionalmente. Seu Juramento Hipocrático e sua observação clínica dos sintomas estabeleceram o primeiro alicerce científico do cuidado à saúde.

HIPÓCRATES, O PAI DA MEDICINA
Nos séculos seguintes, o Império Romano ampliou o conhecimento com Galeno de Pérgamo, cujos estudos anatômicos influenciaram a medicina por mais de mil anos.
Com o Renascimento (séculos XV e XVI), o pensamento científico ganhou força: Andreas Vesalius, em 1543, publicou De Humani Corporis Fabrica, obra que revolucionou o estudo da anatomia humana. No século XVII, William Harvey descobriu a circulação sanguínea, abrindo caminho para uma nova era da fisiologia.
O século XIX foi decisivo. A medicina deixou de ser apenas uma arte e se consolidou como ciência experimental, com nomes como:
Louis Pasteur, que estabeleceu a teoria dos germes e impulsionou a microbiologia;
Robert Koch, que identificou agentes infecciosos como o bacilo da tuberculose;
Florence Nightingale, pioneira na enfermagem moderna e na prevenção hospitalar.
A partir daí, universidades e laboratórios passaram a integrar pesquisa, ensino e prática clínica — o tripé da medicina científica moderna.

OS NOVOS DESAFIOS COM O AVANÇO DA AI
O nascimento da medicina científica no Brasil
No Brasil, a medicina como ciência começou a se consolidar no século XIX, com a fundação das primeiras escolas médicas:
Faculdade de Medicina da Bahia (1808), criada junto com a chegada da corte portuguesa;
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (1808), posteriormente incorporada à Universidade do Brasil (atual UFRJ).
Essas instituições foram fundamentais para formar médicos, produzir pesquisas e organizar o sistema de saúde no país.
No início, o ensino era teórico e fortemente europeu, mas já no fim do século XIX começaram os primeiros avanços científicos brasileiros — com o Instituto Oswaldo Cruz (fundado em 1900) e o Instituto Butantan (1901), que uniram ciência e saúde pública.
Esses centros tornaram-se referências internacionais no combate a epidemias, como a varíola e a febre amarela, e na produção de vacinas e soros.
Medicina moderna: ciência, pesquisa, tratamento e cura
A partir do século XX, a medicina passou a se apoiar fortemente na pesquisa científica. A descoberta da penicilina (Alexander Fleming, 1928), o desenvolvimento das vacinas, a genética e, mais recentemente, a biotecnologia e a inteligência artificial, transformaram completamente o modo de tratar e prevenir doenças.
Hoje, a medicina é uma ciência multidisciplinar que combina conhecimento biológico, tecnológico e humanista. No Brasil, universidades e centros de pesquisa figuram entre os mais produtivos da América Latina.
Da arte de curar à ciência de salvar vidas
A evolução da medicina reflete o próprio avanço da humanidade: da superstição à experimentação, da cura empírica à pesquisa genética. A medicina moderna, em essência, é resultado de séculos de observação, erros, descobertas e dedicação à vida.
Hoje, médicos, pesquisadores e profissionais da saúde carregam um legado de conhecimento construído desde Hipócrates até os laboratórios de ponta — unindo ciência e compaixão, tecnologia e humanidade.
O Juramento de Hipócrates, até hoje feito nas formaturas dos médicos
“Prometo solenemente consagrar a minha vida ao serviço da Humanidade.
Darei aos meus Mestres o respeito e o reconhecimento que lhes são devidos.
Exercerei a minha arte com consciência e dignidade.
A Saúde do meu Doente será a minha primeira preocupação.
Mesmo após a morte do doente respeitarei os segredos que me tiver confiado.
Manterei por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica.
Os meus Colegas serão meus irmãos.
Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, partido político, ou posição social se interponham entre o meu dever e o meu Doente.
Guardarei respeito absoluto pela Vida Humana desde o seu início, mesmo sob ameaça e não farei uso dos meus conhecimentos Médicos contra as leis da Humanidade.
Faço estas promessas solenemente, livremente e sob a minha honra”.
Reportagem especial:
Marcos Flaitt
Edição científica:
Fontes: Organização Mundial da Saúde, Fiocruz, USP, The Lancet, BMJ History of Medicine, Revista Brasileira de História da Ciência