Excesso de trabalho, sobrecarga de tarefas, insônia e alimentação inadequada são apenas algumas das situações do dia a dia que podem causar dores de cabeça. Mas embora os fatores que desencadeiam a cefaleia sejam, em sua maioria, pontuais, é preciso atenção caso elas sejam recorrentes. Recentemente, um grupo de cientistas noruegueses revisou as estatísticas de ocorrência dos tipos de cefaleia e concluiu que 52% da população sofre dessa patologia. A pesquisa, publicada em abril desse ano, é uma análise de 357 estudos epidemiológicos mundiais. Além disso, um recorte mostrou que 26% da população sofre com cefaleias do tipo tensional (CTT). O estudo revelou ainda que 15% da população mundial sofrem com um episódio de cefaleia por dia. A fisioterapeuta clínica Walkyria Fernandes alerta para a importância de pesquisar as causas da dor de cabeça, para que o problema seja combatido na sua origem e não somente nos sintomas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, a do tipo tensional (CTT) episódica é a mais frequente das cefaleias primárias e uma das doenças que mais preocupa a sociedade moderna, devido a alta prevalência. Nesse cenário, a fisioterapeuta clínica explica que a cefaleia tensional é causada por espasmos musculares e está relacionada com o aumento da tensão do músculo. “É muito comum em pessoas que vivem rotinas diárias agitadas, principalmente aquelas pessoas que sofrem de ansiedade e estresse. Os músculos formam o ponto gatilho, que nada mais é que um “nódulo muscular” – um ponto do músculo muito sensível – que quando é apertado faz com que a dor espalhe para outras regiões. Uma característica importante é que essa cefaleia é bilateral, ou seja, a pessoa pode sentir dor dos dois lados da cabeça. Além disso, não é comum ter náusea, diferente de uma enxaqueca, por exemplo”, explica Fernandes.
A especialista também alerta que os gatilhos da cefaleia tensional podem estar atrelados a ansiedade, stress, tensão muscular, distúrbios do sono entre outros fatores. Sendo assim, a causa está relacionada a um desequilíbrio do corpo seja ele musculoesquelético, hormonal ou emocional. Além disso, outros fatores podem influenciar, como pouca mobilidade articular, sedentarismo, ficar o dia todo sentada (o) sem pausas, e não fazer exercícios de extensão lombar por exemplo para compensar a posição mantida. De acordo com Walkyria Fernandes, tudo isso influencia para que a pessoa apresente quadros de tensões musculares e que podem desencadear cefaleias.
“Se a pessoa está muito ansiosa, isso pode ser um gatilho disparador, o corpo começa a se contrair e daqui a pouco desenvolve uma cefaleia tensional. Por isso é importante criar hábitos saudáveis, para atuar na prevenção das dores de cabeça. É superimportante se alimentar bem, praticar exercícios físicos regulares, dormir bem e hidratar-se. Se a pessoa não desenvolve esses hábitos, o corpo fica predisposto a ter algumas alterações”, orienta.

Diagnóstico e tratamento
A fisioterapeuta clínica esclarece ainda que o diagnóstico pode ser feito por meio de um questionário, que é um sistema de classificação internacional de cefaleia, que os fisioterapeutas ou médicos são orientados a usar. O diagnóstico físico é feito por meio da palpação dos músculos que tem relação direta com a cefaleia tensional, como os do pescoço e nuca. De acordo com Walkyria, raramente é necessária uma tomografia ou ressonância para descartar outras causas da cefaleia. Mas, para eliminar a possibilidade de outros distúrbios que podem causar a dor de cabeça tensional, em especial se a cefaleia for recente, também pode ser realizada uma ressonância magnética da cabeça.
Sobre o trabalho do fisioterapeuta no que diz respeito a cefaleia tensional, ele pode ser de prevenção ou tratamento. “Se um paciente chega com a queixa de cefaleia, eu vou fazer as perguntas (anamnese), para entender que tipo de cefaleia ele tem. Se fechar os critérios de cefaleia tensional, eu vou palpar esses músculos para ver qual deles é o causador de dor de cabeça e vou organizar todos os músculos e mobilidade das vértebras. Então avalio a coluna vertebral, vejo a mobilidade e de onde está saindo a informação neural e uso meu RCA para organizar esse músculo e deixar tudo bem equilibrado”, explica Walkyria Fernandes, que é idealizadora do método “Raciocínio Clínico Avançado — RCA 360”, baseado em técnicas de avaliação e tratamento avançado que auxilia o fisioterapeuta a encontrar a causa da dor e não somente a tratar a lesão do paciente.

Sobre Walkyria Fernandes:
Walkyria Fernandes é graduada em Fisioterapia pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Paraná) há 18 anos. Tem especialização em ortopedia e traumatologia desportiva, pela Faculdade Evangélica do Paraná. Além disso, conta com uma especialização em osteopatia pela Escuela de Osteopatía de Madrid (EOM) e D.O. reconhecido pela Scientific European Federation of Osteopaths (SEFO). É mestre em Tecnologia em Saúde, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), e fez doutorado sanduíche — parte na UniNove, em São Paulo e parte na Universidade de Sevilla, na Espanha.
A fisioterapeuta clínica ainda é idealizadora do método “Raciocínio Clínico Avançado — RCA 360”, curso on-line que já conta com mais de 5 mil alunos no Brasil e em nove países. Já foi proprietária de uma grande clínica de fisioterapia no estado do Mato Grosso, onde também atuou durante 7 anos como professora de anatomia, na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMT), no curso de Medicina.

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Estudo norueguês revela que 52% da população sofre com dores de cabeça. Veja diagnóstico e tratamentos