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Considerada o “mal do século”, a depressão é uma doença psiquiátrica que gera alterações no humor, voltadas, especialmente, aos sentimentos de tristeza. De acordo com o Ministério da Saúde, o transtorno é de elevada prevalência e é o mais associado ao suicídio.
Estudos indicam que a condição está relacionada a fatores genéticos, à bioquímica cerebral (deficiência de neurotransmissores) e até a eventos estressantes que podem desencadear episódios depressivos em pessoas com predisposição genética a desenvolver a doença.
Os sintomas mais comuns incluem a perda da capacidade de sentir prazer ou alegria, falta de energia, pessimismo e baixa autoestima — e o tratamento é feito com auxílio médico profissional, por meio de fármacos e acompanhamento terapêutico.
Diante da variedade de suplementos que afirmam ajudar a aliviar quadros de depressão, na verdade, apenas alguns são respaldados por pesquisas, segundo um novo estudo. Cientistas do Reino Unido revisaram centenas de ensaios clínicos que avaliaram o quão bem 64 tipos de diferentes de suplementos alimentares de venda livre tratavam os sintomas da doença.
Embora a maioria dos levantamentos tenha sido limitada, cinco opções suplementares foram significativamente mais estudadas do que outras. Dessas, quatro se mostraram superiores a um placebo:
- Erva de São João;
- Probióticos;
- Vitamina D;
- Açafrão.
Rachael Frost, autora principal da análise, contudo, pontua que a equipe não avaliou a qualidade dos estudos incluídos. Todos eram ensaios clínicos — ou seja, testaram suplementos em pessoas —, mas alguns eram grandes e bem projetados, enquanto outros eram menores e menos rigorosos.
A investigação
- Os pesquisadores analisaram 209 estudos que investigavam magnésio, ácido fólico, canela, vitamina C, prebióticos e dezenas de outros suplementos;
- Desses levantamentos, 196 avaliaram os suplementos apenas para depressão. Outros examinaram o quão bem esses produtos poderiam aliviar a depressão, junto a outros problemas de saúde mental, como ansiedade e insônia;
- Os cientistas concluíram que houve pouca pesquisa sobre a maioria dos produtos. Quarenta e um deles foram avaliados em apenas um ensaio.
Como os 4 suplementos descobertos podem ajudar a aliviar a depressão
Pesquisas indicam que suplementos como Erva de São João e açafrão parecem regular a serotonina e a dopamina, dois hormônios relacionados à depressão.
Estudos também observaram que os receptores da vitamina D estão localizados em diversas partes do cérebro que podem desempenhar um papel na depressão, incluindo o córtex pré-frontal, o hipocampo e o tálamo.
Já os probióticos (encontrados nos leites fermentados, iogurtes, coalhadas, queijos, sobremesas lácteas, kefir, kombucha e alimentos fermentados), auxiliam no humor, uma vez que foi identificada relação direta entre o equilíbrio da flora intestinal com a diminuição da depressão e da ansiedade.
Mas, cuidado!
Apesar dos resultados, toda e qualquer automedicação é contraindicada. Após a identificação de sintomas de depressão, o primeiro passo é recorrer a um especialista na área, que é o caso do médico psiquiatra.
Substituir o uso de medicações prescritas pelo profissional por suplementos alimentares também não é recomendado. Em caso de dúvidas quanto à incorporação desses produtos à rotina, o correto é perguntar ao médico.
Procurado pela coluna para esclarecer o recente estudo, o psiquiatra Alaor Carlos de Oliveira Neto, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explica que há diretrizes baseadas em pesquisas científicas sérias para o uso de nutracêuticos, produtos derivados de fontes alimentares que oferecem benefícios nutricionais e de saúde que vão além dos nutrientes básicos, e fitocêuticos, que são produtos extraídos de plantas medicinais, no tratamento de transtornos psiquiátricos.
“Essas diretrizes têm por escopo fornecer embasamento científico para a prescrição desses compostos, tanto como adjuvantes ao tratamento convencional, quanto em monoterapia”, frisa o especialista.
Na concepção do profissional, a pesquisa em questão aponta substâncias que têm algum efeito, seja em monoterapia ou como tratamento adjuvante. Contudo, ele salienta que, além das substâncias em discussão, é fundamental pontuar os desafios de padronização, controle de qualidade e técnicas de manufatura dos produtos (suplementos), o que dificulta a síntese e reprodutibilidade dos achados.
“Não basta o princípio ativo, mas sua qualidade de refino e concentração na prescrição. E deve-se compreender que o fato de serem produtos naturais não implica que não tragam riscos com interação medicamentosa. Além disso, seu uso deve ocorrer sempre através de acompanhamento médico”, reforça.
Fonte: Metrópoles
Fonte: Diário Do Brasil