A incontinência urinária é a perda involuntária de urina, que pode acontecer como pequenos escapes diários, em gotas ou jatos, ou até a total incapacidade de controle. É mais frequente entre as mulheres, especialmente após a menopausa, quando os músculos do assoalho pélvico tendem a enfraquecer.
Apesar de não representar um risco significativo para a saúde, esta condição traz consequências emocionais e de autoestima. Pessoas com perdas frequentes de urina enfrentam impacto na qualidade de vida – a situação interfere nas atividades normais e às vezes até o contato social é evitado, por receio de que o cheiro de urina seja percebido.
De acordo com dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), no Brasil 45% das mulheres e 15% dos homens acima de 40 anos apresentam incontinência. Vários fatores de risco desencadeiam a condição, como diabetes, obesidade e doenças neurológicas. Nas mulheres, pode ocorrer depois de múltiplos partos naturais ou de cirurgias ginecológicas; nos homens, os problemas de próstata são o principal fator.
Há duas formas mais comuns de manifestação da incontinência urinária: por esforço e por urgência. No primeiro caso, os escapes ocorrem quando os músculos pélvicos sofrem pressão durante algum esforço físico, como praticar exercícios e até tossir ou espirrar. A perda por urgência acontece quando a pessoa tem uma vontade intensa e repentina de fazer xixi, e não consegue chegar ao banheiro a tempo.
A incontinência pode se apresentar em qualquer idade, mas costuma ser mais frequente entre idosos: após os 70 anos, a chance de ter escapes de urina é de quatro a cinco vezes maior do que na faixa entre os 20 e 40 anos, segundo a SBU. E mesmo sendo um problema comum, que atinge muito mais pessoas do que se imagina, quem sofre deste distúrbio sente muito desconforto em relatar o problema, mesmo que seja para um profissional.
Mas uma das coisas mais importantes a se saber sobre a incontinência urinária é que esta condição tem tratamento, seja para homens ou mulheres, para casos leves ou graves. Não é preciso se conformar em perder urina depois de certa idade. A incontinência não é irreversível e os tratamentos devolvem qualidade de vida para os pacientes. Cada causa terá uma abordagem mais efetiva.
Alguns casos são pontuais em um período da vida ou requerem apenas mudanças de hábitos. Em outros, será preciso avançar para tratamentos mais longos ou até cirúrgicos. O importante é sempre buscar auxílio médico ao observar escapes com frequência. Confira a seguir os quatro métodos mais comuns de tratamento.
Incontinência: quatro formas de tratar
1. Fisioterapia pélvica
O treinamento dos músculos auxilia no fortalecimento do assoalho pélvico e é a primeira linha de tratamento para a incontinência, por ser uma abordagem conservadora. O paciente, homem ou mulher, é acompanhado por um fisioterapeuta e pratica exercícios individualizados para cada caso.
Esta técnica é indicada especialmente para os casos de incontinência por esforço, que está diretamente ligada à musculatura. Traz bons resultados para casos leves de prolapso genital (bexiga caída) em mulheres e na recuperação da perda urinária em homens depois da retirada da próstata.
2. Medicamentos
Para a incontinência também existe tratamento farmacológico, usado principalmente nos casos de bexiga hiperativa – quando há urgência de urinar, condição que pode causar escapes.
Uma das classes de medicamentos indicada é a dos anticolinérgicos, que provoca a redução das contrações involuntárias do músculo da bexiga, diminuindo a sensação de urgência e aumentando a capacidade de armazenamento do órgão.
3. Laser
A aplicação de laser íntimo é recomendada para mulheres em casos leves. É um procedimento ambulatorial não invasivo, e não precisa de anestesia nem de hospitalização. O equipamento emite ondas de laser nas paredes internas da vagina, o que promove a vascularização e a estimulação do colágeno. Ao longo de algumas sessões, a região é tonificada e os escapes diminuem. Também é indicado para os casos de incontinência por esforço.
O laser é um tratamento que precisa de sessões de manutenção ao longo do tempo, dependendo da resposta de cada paciente.
4. Cirurgia
Indicada para homens e mulheres com quadros mais avançados, quando os demais tratamentos não respondem satisfatoriamente. A cirurgia normalmente é uma intervenção para os casos de incontinência urinária por esforço e há diferentes técnicas, adequadas para cada causa.
Um dos procedimentos mais comuns é o implante de sling, uma fita sintética posicionada de forma a dar mais sustentação à uretra, para homens e mulheres. Outra técnica aplicada em pacientes homens é o esfíncter urinário artificial, uma solução para casos graves. Neste procedimento, é implantado um dispositivo de silicone sólido, que reproduz a função do esfíncter e é controlado voluntariamente pelo paciente através de uma bomba.