Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein
Um a cada seis adultos (cerca de 17% da população mundial) enfrenta dificuldades em conceber ao longo da vida, revela um novo relatório recém-publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O número é similar em todas as regiões do planeta e em países pobres e ricos, mostrando que se trata de um desafio global de saúde. Os dados foram obtidos após análise de estudos que avaliaram a prevalência da infertilidade entre os anos 1990 e 2021.
“Os números são consistentes com o que observamos”, diz o ginecologista e obstetra Nathan Ichikawa Ceschin, da Associação Brasileira de Reprodução Assistida. Segundo ele, isso ocorre porque a dificuldade em engravidar tem múltiplas causas. “Enquanto nos países ricos entram fatores como gravidez tardia, por exemplo, nos países mais pobres, doenças como infecções estão por trás da infertilidade.”
A infertilidade é uma doença do sistema reprodutivo masculino ou feminino definida pela incapacidade de conseguir uma gravidez depois de 12 meses de tentativas regulares sem proteção. “Em um terço dos casos a causa está na mulher, um terço se deve a problemas no homem e em um terço, no casal”, explica o especialista em reprodução humana. Muitas vezes ela pode ser tratada, quando há doenças como endometriose ou infecções, entre outras. “A fertilidade é um reflexo da saúde geral. Por isso, nas consultas médicas é importante também fazer um planejamento reprodutivo e investigar questões como reserva ovariana e qualidade do sêmen”, diz Ceschin. Em outras, pode ser necessário o auxílio de técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro. Mas esses tratamentos ainda são caros e poucos centros no Brasil oferecem via SUS (Sistema Único de Saúde).
Segundo a OMS, os dados reforçam a necessidade de prevenção, diagnóstico e tratamento da infertilidade para atingir as metas sobre saúde e igualdade de gênero dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030.