
Vivemos em um mundo cheio de luzes, notificações e afazeres constantes. Como explica o Dr. Pedro Schestatsky, neurologista com pós‑doutorado em Harvard (Instagram @drpedroneuro), ao reduzir o sono por anos a fio, nosso cérebro perde sua capacidade de eliminar toxinas — criando um ambiente propício ao surgimento de doenças como Alzheimer.
Ele alerta que a privação do sono e distúrbios como apneia se somam a fatores como má saúde metabólica, genética e excesso de estímulos digitais. Isso gera um “caldo de cultura” que pode acelerar o envelhecimento cerebral e aumentar a mortalidade precoce.
Segundo o neurologista, o sono é uma necessidade biológica, e não um luxo — e está se tornando um problema pandêmico em nossa sociedade.
Como o sono afeta a limpeza natural do cérebro?
Durante o sono ocorre um processo chamado sistema glinfático, responsável por remover resíduos metabólicos e proteínas tóxicas do tecido cerebral. Quando dormimos pouco, esse sistema falha e substâncias como beta‑amilóide começam a se acumular. O Dr. Schestatsky chama isso de “compressão” do cérebro, implicando risco aumentado de Alzheimer e declínio cognitivo.

Por que apneia do sono piora o risco neurológico?
Pacientes com apneia do sono sofrem interrupções frequentes na respiração, gerando hipóxia e inflamação no cérebro. Dr. Pedro enfatiza que toda pessoa com Alzheimer em estágio inicial precisa ser avaliada para apneia — pois esse distúrbio pode acelerar a doença se não identificado e tratado adequadamente.
Quais são os outros fatores que agravam o problema?
Ele ressalta que hoje apenas 4 % da população está metabolicamente saudável — o que significa que 96 % já tem algum grau de desequilíbrio cardíaco, lipídico ou glicêmico. Ao combinar isso com falta de sono, genética e exposição excessiva às redes sociais, criamos condições ideais para estresse crônico, baixa autoestima e doenças mentais, como depressão e TDAH — todas associadas ao Alzheimer.
Como a respiração consciente pode ajudar?
O Dr. Pedro compara a respiração consciente a uma “musculação mental”. Ao desacelerar o ritmo respiratório, reduzimos o estresse, ansiedades e o impacto negativo dos estímulos diários. Isso melhora a qualidade do sono de forma natural, atuando como um complemento eficaz a tratamentos a longo prazo.
Como melhorar o sono e proteger o cérebro?
• Estabeleça uma rotina regular de sono, evitando uso de telas antes de dormir
• Pratique técnicas de respiração como o método 4-7-8 ou meditação guiada
• Avalie sinais de apneia do sono (ronco alto, pausas respiratórias, cansaço diurno)
• Reduza a exposição a telas e expectativas irreais associadas às redes sociais
Essas práticas podem restaurar o sono, favorecer a limpeza cerebral e reduzir riscos de doenças crônicas.
Fontes confiáveis
• Xie L. et al. (2013). Sleep drives metabolite clearance from the adult brain. Science. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3767227/
• Osorio R.S. et al. (2015). Sleep-disordered breathing advances cognitive decline in the elderly. Neurobiology of Aging. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24704157/
• Roh J.H. et al. (2014). Potential role of sleep in Alzheimer’s disease progression. JAMA Neurology. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24934469/
Fonte: Emfoco
Por Lucas Sampaio