Em estudo publicado na Nature Cell Biology na última semana, pesquisadores revelaram que o que um verme come pode afetar positivamente o cérebro dos filhos e até mesmo dos netos. O experimento analisou a espécie Caenorhabditis elegans, que curiosamente compartilha muitos genes com os humanos. Por isso, é possível que a linha de raciocínio se estenda aos humanos.
Quando os cientistas alimentaram larvas de lombrigas com uma molécula chamada ácido ursólico (comumente encontrada em maçãs e ervas), notaram que a prole estava um pouco protegida de uma falha natural na comunicação neural.
O grupo perebeu que esse ácido ursólico parece “ligar” um gene nos vermes, que produz um tipo específico de gordura, a esfingosina-1-fosfato, conhecida como esfingolipídio. Essa gordura impede que os axônios dos neurônios (responsáveis por transmitir informações do neurônio para outras células) enfraqueçam, e os resultados iniciais sugerem que a gordura pode viajar dos intestinos até os ovos no útero.CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
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Conforme descreve o estudo, os descendentes desses vermes tiveram níveis aumentados de esfingolipídio, e isso desencadeou mudanças metabólicas significativas, que inclusive foram mantidas ao longo do desenvolvimento, por mais de uma geração.
“Nosso trabalho apoia uma dieta saudável durante a gravidez para o desenvolvimento e a saúde ideais do cérebro”, concluem os pesquisadores, em comunicado. Mas vale lembrar que o C. elegans é um animal ovíparo, então ainda não dá para saber se esse efeito que atravessa gerações pode se estender a animais vivíparos, como mamíferos. É uma informação que só futuros estudos devem revelar.
Verme se sacrifica pela prole
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Um estudo de 2021 trouxe à tona que a espécie Caenorhabditis elegans sacrifica a própria vida para alimentar os filhos. Esses vermes produzem uma gosma quando morrem. A secreção é uma espécie de leite, que eles deixam para seus filhos, numa espécie de sacrifício. O leite é o próprio intestino do verme.
Segundo o estudo em questão, se desligar essa secreção, a prole não sofrerá, porque o leite é mais como um último esforço quando a comida é limitada. Os vermes subsistem de bactérias e, quando há escassez de micróbios, produzem esse leite. A prole pode sobreviver enquanto houver nutrientes suficientes para todos.
Fonte: Nature Cell Biology e Monash University