Um novo rebuliço em torno dos medicamentos Ozempic (Semaglutida) e Saxenda (Liraglutida) agitou o mundo esta semana, após a União Europeia levantar a investigação dos casos de 3 pessoas que manifestaram pensamentos suicidas ou de automutilação durante o uso de uma das medicações. O levantamento ainda está em curso, mas, enquanto isso, a preocupação sobre os malefícios desses remédios domina a mente principalmente de quem necessita deles para tratamentos sérios.

A Dra. Tassiane Alvarenga, Endocrinologista e Metabologista pela USP, e a Dra. Julia Trindade, psiquiatra pós-graduada em Neurociências do Comportamento e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, são categóricas em pontuar que os tratamentos vigentes devem ser sempre questionados e estudados com médicos sérios especialistas no assunto, antes de qualquer suposição imediata. Elas também explicam como é sensível a relação entre depressão e obesidade, podendo, sim, mexer com o ânimo de vida dos pacientes.

“Vale a pena ressaltar que nos estudos científicos não foi estabelecida uma relação causal com esse efeito colateral. Ou seja, pessoas que usam Ozempic podem apresentar esses pensamentos, no entanto, isso não significa que o medicamento é a causa deles”, conceitua Dra. Tassiane.

A endocrinologista pontua que a obesidade está intimamente associada à depressão e outros sintomas que podem aumentar a incidência desses pensamentos. “A obesidade aumenta em 55% o risco de depressão. Por sua vez, a depressão aumenta em 58% risco de obesidade, ou seja, é uma via de mão dupla”, explica.

No caso de pessoas com depressão que desenvolveram obesidade, a endocrinologista informa que o tratamento da obesidade e consequente emagrecimento influenciam na melhora dos sintomas depressivos.

“Não se deve interromper o tratamento com base nas notícias, pois, com os dados que temos atualmente, esses medicamentos continuam sendo seguros e muito benéficos na vigência de indicação médica”, orienta a profissional, ao reforçar que o tratamento medicamentoso da obesidade deve ser feito sempre com supervisão e que o surgimento de qualquer efeito colateral deve ser comunicado ao médico.

Inflamações: um adendo ao combo depressão-obesidade

Ao corroborar a posição de Dra. Tassiana, a psiquiatra Dra. Julia Trindade adiciona a questão das inflamações a esse pacote complicado formado pela obesidade e pelos quadros depressivos. “A inflamação é um processo natural de resposta do organismo a lesões ou infecções, porém, quando persiste de forma crônica, desempenha um papel significativo em várias doenças, incluindo a depressão e a obesidade. Essas três condições estão interconectadas e podem impactar negativamente a saúde física e mental de um indivíduo”, alerta.

A psiquiatra informa ainda que há estudos mostrando que a inflamação crônica pode desencadear respostas imunológicas que afetam o cérebro, resultando em sintomas depressivos. “Além disso, pessoas com depressão geralmente apresentam níveis elevados de marcadores inflamatórios, como a proteína C-reativa (PCR) e citocinas pró-inflamatórias”, detalha ela.

Da mesma forma, aponta a psiquiatra, a obesidade está estreitamente relacionada à inflamação crônica. “O excesso de tecido adiposo, especialmente na região abdominal, libera substâncias inflamatórias que podem causar um estado crônico de inflamação”, conta Dra. Julia, ao revelar que esse estado inflamatório pode estimular o aparecimento da depressão, aumentando o risco de desenvolvimento da doença.

Uma mistura propensa ao pensamento suicida

Na visão da psiquiatra, essas condições em conjunto podem ser fortemente associadas ao risco de suicídio, já que indivíduos com depressão têm um risco aumentado de ideação suicida e comportamento suicida. Da mesma forma, a obesidade pode levar a problemas de autoestima, isolamento social, estigmas e outros fatores psicossociais que também aumentam o risco de ideação suicida.

“Por isso, tratar adequadamente a depressão é crucial para reduzir o risco de suicídio e melhorar a qualidade de vida dos afetados. A terapia cognitivo-comportamental e a psicoterapia são opções eficazes de tratamento, principalmente quando combinadas com medicamentos antidepressivos’, indica a especialista.

Dra. Julia ressalta a importância do tema, lembrando que depressão e obesidade são condições de saúde graves e comuns em todo o mundo. “Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 264 milhões de pessoas sofrem de depressão globalmente, enquanto a obesidade afeta cerca de 13% da população mundial, com mais de 650 milhões de adultos e 340 milhões de crianças e adolescentes impactados”, alerta a psiquiatra.

Assim como a Dra. Tassiane, Dra. Julia também reforça que no que se refere à investigação, a segurança e a eficácia desses medicamentos são continuamente avaliadas e esse efeito colateral não havia sido descrito até o momento. “Eles continuam sendo seguros quando prescritos adequadamente por profissionais da saúde. É essencial que suspeitas de efeitos colaterais graves, como pensamentos suicidas, sejam minuciosamente investigadas para avaliar a relação de risco-benefício do uso desses medicamentos”, opina.

Dra. Tassiane Alvarenga – ENDOCRINOLOGISTA E METABOLOGISTA

  • Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU;
  • Residência Médica em Clínica Médica pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP;
  • Residência Médica em Endocrinologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM USP);
  • Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia- SBEM;
  • Membro da Endocrine Society, SBEM e ABESO;
  • Faz parte do Corpo Clínico da Santa Casa de Misericórdia de Passos.
  • Sobrepeso e Obesidade. Compulsão Alimentar e Ansiedade;
  • Obesidade Infantil;
  • Diabetes Mellitus e Pré Diabetes: Controle da glicemia e prevenção de complicações como Retinopatia , Neuropatia , Nefropatia , Infarto do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral (AVC);
  • Dislipidemias ( Colesterol);
  • Doenças da tireoide ( Hipo e Hipertireoidismo, Nódulos na Tireóide);
  • Osteopenia e Osteoporose;
  • Seguimento pré e pós operatórios de cirurgia bariátrica;
  • Check-up e Avaliação de rotina;
  • Baixa Estatura;
  • Distúrbios da Menstruação, Distúrbios da Puberdade, Crescimento e Desenvolvimento sexual;
  • Síndrome dos Ovários Policísticos;
  • Reposição hormonal na Menopausa e Andropausa.

Dra. Julia Trindade | Psiquiatra

drajuliatrindade

  • Médica Psiquiatra – CRM 24363 – RQE 1489
  • Formada em Medicina pelo Universidade Federal de Pelotas, e Psiquiatra pela Universidade Federal de Santa Maria.
  • Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria.
  • Pós-graduada em Neurociências do Comportamento pela PUCRS.
  • Especialista em Terapia Dialética Comportamental.
  • Certificada pela Harvard Medical School em General Pschychiatric Management for Borderline Personality Disorder.
  • Possui formação em Mindfulness para saúde do Instituto BreathWorks.
  • Especialização em andamento em autismo.
  • Projeto Farmacologia Aplicada à Medicina para o tratamento de paciente com TEPT (Transtorno do Estresse Pós-traumático)
  • Psiquiatra Geral e da Infância e Adolescência na Rede Municipal de Biguaçu de 2017 a 2019 Curso de manejo de pacientes na emergência psiquiátrica.

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Update Comunicação

Michelly Souza | michelly@updatecomunicacao.com.br| (11) 98224-2290

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