Fazer dieta pode ser um grande desafio, afinal, devorar uma panela de brigadeiro geralmente soa bem mais apetitoso do que uma salada de folhas. Mas ao contrário do que possa parecer, isso não é por acaso. O fato de que a gordura e o açúcar são irresistíveis é científico. Isso ficou ainda mais claro no novo artigo da revista Cell Metabolism.
Os especialistas do Monell Chemical Senses Center (EUA) relembram que duas vias ajudam a enviar os sinais do intestino para o cérebro e estão interligadas com a dopamina (um dos neurotransmissores). Assim, é a combinação dessas vias que desperta o desejo de comer mais do que o habitual.
As descobertas indicam que um dos responsáveis por tornar o açúcar tão desejável é o nervo vago, uma parte importante do sistema nervoso que ajuda no controle de funções do corpo como a digestão. Acontece assim: ele envia informações sensoriais através das células nervosas do intestino e desperta no subconsciente o desejo de consumir alimentos cheios de gordura e açúcar.
O estudo foi dividido em duas fases: na primeira, os pesquisadores manipularam os neurônios do nervo vago de camundongos. Depois, estimularam os nervos com luz, o que fez com que esses roedores procurassem comida. Dessa maneira, foi possível perceber que a gordura e o açúcar são detectados por neurônios separados e ativam circuitos de recompensa do cérebro.
“O nervo vago transmite informações sensoriais internas do intestino ao cérebro. Usando captura genética, demonstramos a existência de circuitos intestino-cérebro separados para detecção de gordura e açúcar. Mesmo quando se controla as calorias, a ativação combinada dos circuitos de gordura e açúcar aumenta a liberação de dopamina e a alimentação excessiva”, diz o resumo da análise.
Por que gostamos tanto de açúcar?
“Por que o açúcar tem gosto bom?” é a pergunta que dá norte para um artigo da Elsevier. A teoria é que “concentrações moderadas de açúcares são encontradas na maioria dos alimentos vegetais porque os açúcares desempenham um papel importante na fisiologia das plantas”.
No artigo, os autores sugeriram que “a preferência pelo açúcar evoluiu porque são comuns nas plantas e fáceis de detectar, e não devido a quaisquer méritos nutricionais especiais que oferecem, mas relembraram que “a percepção da doçura não pode ser usada para medir com precisão a energia metabolizável ou o valor nutritivo de um alimento”.
Crianças amam açúcar!
As crianças são ainda mais atingidas por essa preferência, segundo informações divulgadas pelo NIH (National Institute of Health): os adultos tendem a maximizar a sua preferência por açúcar aproximadamente ao nível de açúcar de uma lata de refrigerante, mas as crianças ansiam por bebidas duas vezes mais doces.
Isso porque as papilas gustativas das crianças são mais sensíveis a alimentos com sabor amargo, o que incentiva uma busca por alimentos cheios de açúcar.
Fonte: Cell Metabolism, Elsevier, NIH