Um estudo publicado na plataforma BioRxiv se concentrou em responder a seguinte questão: por que o cérebro humano é tão grande? O grupo de cientistas por trás do artigo desenvolveu um modelo computacional que recria o desenvolvimento do cérebro, o que permitiu revelar que o tamanho do órgão mais misterioso do corpo humano pode estar relacionado ao padrão de maturidade sexual.
No artigo, os pesquisadores explicam que o crescimento do cérebro tem um preço e restringe a quantidade de energia disponível para o desenvolvimento de outros tipos de tecidos. O modelo computacional inventado pela equipe determina os custos metabólicos associados ao crescimento de diferentes tipos de tecidos.
Através dessa técnica, os autores demonstram que o tamanho do cérebro e do corpo de sete espécies diferentes de hominídeos pode ser reconstruído com precisão.
Por que o cérebro humano é tão grande?
Começando com o Australopithecus afarensis e continuando até o Homo sapiens, os autores perceberam que o tamanho do cérebro depende da maturidade sexual, ou seja: à medida que a idade de desenvolvimento sexual aumenta, também aumenta o tamanho do cérebro.
Segundo o artigo, o início relativamente tardio dos folículos ovarianos nas mulheres permite uma enorme expansão no tamanho do cérebro durante a infância. Como resultado, o cérebro humano adulto é seis vezes maior do que normalmente seria esperado para um organismo do tamanho do nosso corpo.
“A expansão do cérebro dos hominídeos ocorre devido à seleção direta na contagem de folículos, e não no tamanho do cérebro”, dizem os pesquisadores. A conclusão é que o tamanho do cérebro é um produto secundário do nosso atraso no desenvolvimento sexual.
Além de “grande”, o cérebro humano é mole
Em 2022, um artigo publicado na revista científica The Journal of the Royal Society Interface trouxe à tona uma informação intrigante: o cérebro humano é tão mole que pode desmoronar quando está no estado natural.
O artigo explica que as representações que conhecemos do cérebro são rígidas, porque o órgão passar por um processo de preservação que aumenta a rigidez. Mas ao natural, se o cérebro não estivesse preso pela caixa craniana, seria uma gosma gelatinosa.
Segundo os pesquisadores, por causa da falta de rigidez, pequenos movimentos do crânio podem fazer com que o cérebro balance e se movimente em alguns milímetros. Essa falta de rigidez também é um grande problema para os cirurgiões.
O cérebro é vulnerável ao movimento do crânio
Em estudo publicado no periódico Journal of Biomechanical Engineering, pesquisadores descobriram que a vulnerabilidade do cérebro ao movimento do crânio depende fortemente da direção do movimento da cabeça, não apenas da magnitude ou força do impacto.
Os cientistas também viram que o cérebro é sensível ao movimento de baixa frequência, então “suavizar” um golpe tornando a força mais baixa, mas mais duradoura, pode não ser uma proteção eficaz contra lesões cerebrais.
Fonte: BioRxiv, The Journal of the Royal Society Interface, Journal of Biomechanical Engineering