Se as suas fezes apresentarem formato de bolinhas soltas ou estiverem duras e ressecadas, é preciso ficar atento. Essa condição, quando acontece de forma frequente, por pelo menos 3 meses, pode ser indício de alguma doença³. Para quem tem questões relacionadas à prisão de ventre, é importante saber que existe uma forma de classificar o formato das fezes. Chamada de Escala de Bristol¹’³, esse escore define parâmetros que determinam diferentes formatos das fezes, fornecendo subsídios para uma conversa mais direcionada durante a consulta médica².
E por que a descrição detalhada é necessária? A escala de Bristol para o formato e consistência de fezes foi desenvolvida e validada em Bristol, na Inglaterra, em 1997²’³. É composta de imagens facilmente reconhecíveis, que representam sete tipos de fezes, e são associadas a descrições sobre o formato e a consistência²’³. O uso dessa escala é bem estabelecido entre profissionais de saúde para o diagnóstico de algumas condições gastrointestinais.
Saiba reconhecer os diferentes tipos de fezes pela Escala de Bristol²:
Escala de Bristol²
Tipo 1 – com pequenos fragmentos duros, semelhantes a nozes
Tipo 2 – em forma de salsicha, mas com grumos
Tipo 3 – no formato de salsicha, com fissuras na superfície
Tipo 4 – mais alongadas e finas, lisas e macias
Tipo 5 – fragmentadas em pedaços com contornos bem nítidos e macios
Tipo 6 – em fragmentos esfarrapados e moles ou pastosas
Tipo 7 – totalmente líquidas
A constipação idiopática crônica, doença de causa desconhecida (idiopática) e sem cura (crônica)1, é uma delas. Nessa condição, que é diferente da prisão de ventre ocasional, pois ocorre de vez em quando1, o paciente costuma apresentar fezes dos tipos 1 e 23. A conversa detalhada com o profissional de saúde agiliza o diagnóstico dessa doença e a avaliação do tratamento mais adequado. Daí a importância de estar atento ao formato das fezes.
Como fazer o diagnóstico de constipação idiopática crônica?
Além das alterações no formato e consistência das fezes3, para que o médico confirme o diagnóstico de constipação idiopática crônica, o paciente precisará apresentar, no mínimo, outros dois sintomas da relação abaixo por, pelo menos, três meses3:
• Menos de 3 evacuações espontâneas por semana;
• Pelo menos 25% das evacuações com esforço;
• Pelo menos 25% das evacuações com sensação de evacuação incompleta;
• Pelo menos 25% das evacuações com sensação de obstrução ou bloqueio anorretais;
• Pelo menos 25% das evacuações com necessidade de manobras manuais para evacuar.
Segundo a Dra. Maria do Carmo Friche Passos, gastroenterologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além desses sintomas também poderão ser necessários outros exames para a exclusão de outras doenças³. “Apesar de não ter cura, a constipação idiopática crônica pode ser tratada com o uso de medicamentos sob a supervisão de um profissional de saúde, geralmente um gastroenterologista ou um proctologista. Não se deve tomar laxante por conta própria, porque o uso crônico pode habituar o intestino, fazendo com que sejam necessários aumentos progressivos de dose para a obtenção do efeito desejado. O tratamento deve incluir mudança de hábitos, orientação médica e reeducação alimentar”, finaliza a especialista.