Conheça diferenças entre os níveis de atividade física e seus benefícios para o coração

O exercício físico feito de maneira regular pode ser considerado como um verdadeiro remédio para o coração, sendo capaz de prevenir doenças e condições como a hipertensão e o diabetes, por exemplo, além de ajudar no controle de distúrbios como ansiedade, depressão e estresse.
As taxas de sedentarismo no Brasil, no entanto, nos deixam em alerta: estima-se que 47% da população do país não pratica nenhum tipo de exercício. E de que forma isso impacta nossa saúde? Vamos conferir a seguir.

OBESOS E MAGROS
Estudos recentes mostram que ter baixo peso não é, por si só, um fator de proteção para o coração. É preciso ser fisicamente ativo para conquistar esses benefícios.
Ao se tornar praticante de exercícios, mesmo com sobrepeso ou obesidade moderada, o paciente cardíaco possui menor risco de morte, demonstrando que é mais seguro estar acima do peso e se exercitar do que ser uma pessoa magra e sedentária.
Isso acontece porque a atividade física promove a dilatação dos vasos sanguíneos, proporciona melhora no metabolismo de insulina e na coagulação sanguínea, além de trazer melhora no condicionamento físico e promover a liberação de endorfina (hormônio responsável por promover a sensação de bem-estar), com consequências positivas para a qualidade do sono, alívio do estresse e produtividade.

SEDENTÁRISMO, ATIVIDADE E EXERCÍCIO
Podemos considerar um indivíduo como sedentário quando há ausência de atividades físicas e um gasto calórico diário muito baixo. Na luta contra o sedentarismo, todo movimento conta: passear com o cachorro, limpar a casa, subir escadas, lavar a louça, varrer a calçada. Mas cuidado: não devemos confundir a atividade física regular (sermos fisicamente ativos) com o exercício físico (que consiste em ações físicas mais planejadas, estruturadas e repetitivas).
O fato de ser fisicamente ativo é bom, mas não nos isenta da necessidade de fazer exercícios. O recomendado para obter ganhos relativos à saúde cardiovascular é a prática moderada por 150 minutos por semana, combinando atividades aeróbias (como natação, bicicleta, dança, caminhada ou corrida) com exercícios de fortalecimento.
Um praticante de exercícios físicos regulares possui um risco 50% menor de sofrer um evento cardiovascular. No entanto, é preciso aumentar a intensidade aos poucos, na medida em que conquistamos condicionamento.

EXERCÍCIO COM CAUTELA
Se você possui uma condição cardíaca, tal como arritmia, hipertensão, insuficiência cardíaca, angina pectoris ou cardiomiopatia hipertrófica, por exemplo, antes mesmo de pensar em dar início aos exercícios é fundamental passar por uma rigorosa avaliação cardiológica. A prática somente poderá acontecer mediante a liberação de um cardiologista, que irá orientar intensidade, frequência e tipo de exercício para assegurar sua saúde.
Já para pacientes pós-infarto ou AVC, existem programas específicos, que chamamos de reabilitação cardíaca, direcionados para este período delicado, possibilitando fortalecer o coração com o menor risco possível ao paciente.
Mas e quando não há uma condição cardíaca conhecida? Aqui cabe salientar a figura do chamado “atleta de final de semana”, muito comum entre pessoas com tempo reduzido para desenvolver uma rotina regular de exercícios. Dados apontam que essa prática transitória pode aumentar o risco de morte súbita durante atividades mais intensas.
Contudo a questão aqui não é a prática do exercício em si, mas sim a ocorrência de um episódio cardíaco em pessoas que desconhecem a preexistência do problema.
A recomendação então, é a mesma para todas as pessoas com intenção de realizar atividades mais vigorosas: buscar avaliação cardiológica. Se, por algum motivo, não for possível realizá-la, é preferível optar por uma atividade leve, como uma caminhada de 30 a 45 minutos por dia.
Lembre-se que toda atividade física conta. Só não se esqueça praticá-la com muita responsabilidade.

Ricardo José Tofano (CRM/SP 86.888) é graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Marília (1996). Atualmente é contratado do corpo docente da Universidade de Marília como médico especialista e médico clínico e intervencionista da Associação Beneficente Hospital Universitário, atuando principalmente na área de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. Coordenador da residência médica de Cardiologia da ABHU.

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Ser uma pessoa ativa ajuda a reduzir o risco cardíaco?