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A Sociedade Brasileira de Cirurgia Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), em parceria com a Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), promoveram um debate sobre a reposição de nutrientes – quando deve ser feita feita por via oral, intramuscular ou endovenosa – em pacientes que passaram pela cirurgia bariátrica.

O webinar “Suplementos injetáveis no pré e pós cirurgia bariátrica” discutiu temas como as principais técnicas cirúrgicas e suas características nutricionais, questões regulatórias da suplementação injetável e técnica, evidências científicas da suplementação injetável de micronutrientes no pós-operatório da cirurgia bariátrica e o que temos de evidências científicas sobre a otimização do aporte proteico no pós-operatório da cirurgia bariátrica.

O presidente da SBCBM, Antônio Carlos Valezi, reforçou que os pacientes bariátricos necessitam de reposição de vitaminas e minerais, sejam eles orais, intramusculares ou de forma endovenosa.

“A SBCBM se preocupa com o uso indiscriminado de soroterapias e, em conjunto com sociedades médicas que cuidam dos pacientes operados, quer levar informações de qualidade aos profissionais que integram o tratamento e reforçar que as indicações devem se basear em evidências científicas. A recomendação deve ser feita sempre com ética e ciência”, afirmou o presidente da SBCBM, Antônio Carlos Valezi.

A reposição de nutrientes em pacientes com obesidade – que muitas vezes possuem deficiências nutricionais, inclusive com estudos científicos que comprovam – é fundamental. Isso se deve a alimentação com a gestão inadequada de carnes, frutas e verduras. Quando os pacientes optam pela cirurgia bariátrica, a reposição de nutrientes passa a ser fundamental, tendo em vista que dependendo da técnica cirúrgica e da individualidade de cada pessoa, ocorre uma absorção de nutrientes reduzida ou mais lenta.

“Em algumas técnicas ocorre uma modificação anatômica e fisiológica do trato digestivo que compromete a absorção de nutrientes, com isso a suplementação deve ser feita por toda a vida, considerando o padrão alimentar do paciente, exames clínicos, sintomas e presença de intolerâncias alimentares”, explica o cirurgião e ex-presidente da SBCBM, Luiz Vicente Berti. “Se não houver o seguimento adequado das recomendações médicas no que se refere a suplementação, nas mulheres especialmente, que têm o período menstrual, aumentam as chances de anemia e, em ambos os sexos, de osteoporose e desnutrição proteica”, afirma Berti.

Mas o médico reforça que, havendo o acompanhamento nutricional, a grande maioria dos pacientes consegue repor nutrientes de forma oral, sem qualquer prejuízo. “É um assunto que devemos tratar com muita seriedade. Precisamos alertar para o fato da reposição de forma desnecessária, sem embasamento científico, mas quando bem indicada, ela ajuda muito no tratamento de pacientes que passaram pela cirurgia”, completa Berti

Coquetéis milagrosos

Entre os propósitos do webinar está também orientar pacientes que fizeram a cirurgia para o fato que muitas soluções, oferecidas cada vez mais em clínicas de estética como milagrosas são semelhantes a ficção: são coquetéis vitamínicos administrados via intravenosa com o objetivo de melhorar a saúde e levantar a beleza em um piscar de olhos – ou em algumas idas aos consultórios. São soros para desintoxicar o organismo, prevenir doenças, favorecer processos de emagrecimento ou ganho de massa magra, tratar anemias, melhorar a imunidade, aumentar a performance em treinos, aprimorar a saúde da pele, cabelos e unhas e até mesmo otimizar a memória. O soro também é ofertado como prevenção ao envelhecimento e estratégia para reduzir sintomas de doenças. Mas, cabe adiantar, a ciência não assina embaixo.

Durval Ribas-Filho, que é médico endocrinologista e nutrólogo e presidente da Abran – entidade que agrega 6.200 associados, sendo 2.180 nutrólogos com titulação médica no Brasil – explica que a reunião científica propôs o esclarecimento de duas sociedades médicas sobre um tema que, em muitas vezes, a versão do fato científico é maior que o fato científico.

“Nosso objetivo aqui foi mostrar para o público que eles devem estar atentos para falta de evidências científicas sobre o tema e também dar o primeiro passo para a elaboração de um consenso que trate da suplementação, formulado por Sociedades Médicas e entidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Comissão Nacional de Residência Médica”, afirmou o Dr. Durval.

Ele disse ainda que, tendo em vista a quantidade de de estabelecimentos que oferecem o serviço no país, o controle é muito difícil e é feito através de entidades como conselhos regionais de medicina de cada estado e da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

A médica nutróloga, Marcella Garcez, apresentou as leis e regulamentações para a prescrição de nutrientes injetáveis no Brasil. “A administração intravenosa de vitaminas pode causar complicações sérias, incluindo náuseas, arritmias cardíacas e reações alérgicas graves. Por isso, é fundamental que este tipo de tratamento seja prescrito e monitorado por médicos qualificados, especialmente, porque envolve métodos invasivos e que podem levar a efeitos colaterais rápidos e perigosos, reforçando a importância de abordagens baseadas em evidências científicas e orientações médicas rigorosas”, declarou.

Quando a reposição é indicada

O primeiro passo da indicação da suplementação consiste na avaliação clínica do paciente, em especial das suas queixas, sinais, sintomas e realização de exames para averiguar quais nutrientes estão em falta no organismo.

Entre os principais nutrientes que os médicos ficam em alerta estão o cálcio, ferro, tiamina- vitamina B1, vitamina C, vitamina A, ácido fólico, vitamina B-12, proteínas e zinco.

No caso da cirurgia bariátrica, as pessoas submetidas deverão utilizar sempre polivitamínicos de alta potência, complementando-se com nutrientes específicos à necessidade individual.

“Quando o paratormônio não abaixa com a suplementação oral da vitamina D, por exemplo, deve-se recomendar ao paciente a reposição intramuscular ou endovenosa”, afirmou a médica nutróloga da Abran, Sandra Fernandes.

Ela apresentou estudos com resultados a respeito dos diferentes tipos de reposição de nutrientes.

De acordo com a Abran, a prescrição endovenosa deve ser sempre individualizada e atender as necessidades específicas de cada paciente contendo no prontuário: registro de prescrição, data, nome do paciente, diagnóstico, composição do suplemento, dosagem, via de administração, duração da terapia e orientações para acompanhamento.

Ambas as sociedades deverão propor um cronograma para dar continuidade às discussões sobre o tema.

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Sociedades médicas debatem quando a suplementação endovenosa deve ser indicada
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