Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein
Se na temporada de calor todo mundo precisa caprichar na proteção da pele, pacientes com câncer que estão passando por radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo ou imunoterapia devem se preocupar ainda mais. Isso porque esses tratamentos agridem o tecido epitelial, seja porque agem diretamente sobre as células da pele, seja porque acabam causando efeitos colaterais. O resultado é uma pele extremamente sensível e sujeita à irritação em contato com vários produtos.
A radioterapia, por exemplo, provoca uma reação chamada radiodermite que pode causar desde uma vermelhidão similar à queimadura do sol até descamação ou formação de bolhas, dependendo da intensidade da radiação utilizada. Drogas usadas contra o câncer causam fotossensibilidade e podem aumentar o ressecamento, abrindo caminho para pequenas feridas. Outros medicamentos podem levar a erupções na pele.
Por isso, é essencial tomar alguns cuidados básicos para evitar manchas e até complicações mais graves como infecções, além de amenizar a radiodermite. Após o fim do tratamento, os tecidos ainda levam de 4 a 6 meses para se recuperarem plenamente.
Saiba como proteger a pele
A regra número um é fugir do sol. Durante o tratamento, o paciente não deve frequentar praia nem piscina. “A exposição ao sol vai piorar as reações do tratamento e a própria radiação solar do mormaço, não parece, mas sensibiliza ainda mais pele, podendo causar queimaduras indesejadas”, enfatiza a rádio-oncologista Ana Carolina de Rezende, do Hospital Israelita Albert Einstein. Além disso, a água do mar ou da piscina pode irritar a pele – isso sem contar que também pode estar contaminada, abrindo caminho para infecções.
A atividade física é importante e está liberada, de acordo com a orientação do médico. O exercício pode ser feito ao ar livre entre 10h e 16h, sempre evitando o contato direto com o sol: usar roupas com proteção UV, como camisetas e chapéus, é uma ótima alternativa. Embora seja recomendado o uso do filtro solar, às vezes a loção pode irritar a pele – se possível, vale checar a melhor opção disponível na farmácia junto ao médico responsável.
O paciente deve hidratar bem a pele. Existem opções de produtos dermatológicos feitos especialmente para pacientes oncológicos: geralmente, eles têm a base neutra, sem essência e álcool. “Aqueles à base de calêndula acalmam a pele, mas é bom evitar produtos manipulados ou ‘naturais’, como com ervas, em que não se conhece exatamente qual é a composição”, recomenda a especialista.
Deve-se, ainda, evitar banhos demorados ou de imersão, para não ressecar a pele. A higiene deve ser adequada, sem exagerar no número de chuveiradas diárias. A água deve estar morna. Há, ainda, a recomendação para o uso de sabonetes líquidos para peles sensíveis e xampus suaves – podem ser aqueles indicados para bebês. Os esfoliantes também devem ser evitados.
Não podem ser feitos procedimentos estéticos durante o tratamento, como peelings, depilação ou químicas no cabelo. Homens devem ter cuidado extra ao fazer a barba, devido ao risco de cortes e de infecções.
Por último, a dica é beber muito líquido e adotar uma alimentação saudável. Sempre que necessário e em caso de dúvida, o paciente deve pedir orientação médica.
Fonte: Agência Einstein